3月16是什么星座| 嬗变是什么意思| 女性胆囊炎有什么症状| 右下腹是什么器官| 金花是什么意思| 督察是什么级别| 什么是网球肘| 一什么烟| 心慌是什么原因导致的| 11月2号什么星座| p图是什么意思| 黑加仑是什么| 开胸手术吃什么补元气| 经常偏头疼是什么原因| o型血和ab型血生的孩子是什么血型| 什么叫甘油三酯| 卧推练什么肌肉| 咳嗽两个月了一直不好是什么原因| 什么雪糕最好吃| 为什么特别招蚊子| 什么时候打胎对身体伤害最小| 孕妇可以用什么护肤品| 健脾丸和归脾丸有什么区别| 纹眉失败擦什么淡化| 什么叫cta检查| adr是什么激素| 重楼别名叫什么| 客家人是什么意思| 蛇和什么属相相冲| 腔梗是什么意思| 大男子主义的男人喜欢什么样的女人| 什么治咳嗽最快最有效| 枸杞有什么用| 一个山一个空念什么| 大限将至什么意思| 急性肠胃炎是什么引起的| 疑虑是什么意思| 肠溶片和缓释片有什么区别| EV是什么| 经过的意思是什么| 甲状腺双叶结节什么意思| 火药是什么时候发明的| 滢字五行属什么| 幽闭恐惧症是什么症状| 学什么设计最赚钱| 惊涛骇浪什么意思| 生产周期是什么意思| 芙蓉什么意思| 发配是什么意思| 电视开不了机是什么原因| congee是什么意思| 烦躁不安的意思是什么| 层出不穷是什么意思| 尿酸高什么水果不能吃| 头尖适合什么发型| 惊艳是什么意思| 打嗝放屁多是什么原因| 吃什么补黄体酮| 农历六月初十是什么日子| 彩超低回声是什么意思| 3.22是什么星座| b型血为什么叫贵族血| 苦荞茶喝了有什么好处| pab是什么意思| 泰勒为什么叫霉霉| 小蜗牛吃什么| 壤土适合种植什么植物| 孕妇用什么驱蚊最好| 饿了吃什么不胖| 什么鞋穿着舒服| 俄罗斯的货币叫什么| 血糖高的人早餐吃什么最好| 心源性哮喘首选什么药| 血压不稳定是什么原因| 什么叫子宫腺肌症| 老汉是什么意思| 痔疮是什么东西| 生男生女取决于什么| 径行是什么意思| 用白醋泡脚有什么好处| 长长的柳条像什么| 憩室炎吃什么药| 五月十三日是什么星座| 中暑吃什么好得快| 每天做梦是什么原因引起| 姜子牙是什么神仙| 血压高吃什么水果| LC是什么| 平安夜做什么| 尿路感染去医院挂什么科| 老鸨是什么意思| 61岁属什么生肖| 无什么为什么| 女字旁一个朱念什么| 白泽长什么样| 卵黄囊偏大是什么原因| 豇豆不能和什么一起吃| 你喜欢我什么| 盗汗是什么症状| 风向标是什么意思| 葳蕤是什么中药| 拉肚子为什么憋不住| 东宫是什么生肖| 胃炎胃溃疡吃什么药| 过房养是什么意思| 1999年属兔是什么命| 丞相和宰相有什么区别| 青海有什么特产| 四季春茶是什么茶| 九月初三是什么星座| 文胸36码是什么尺寸| 江诗丹顿是什么档次| gap是什么牌子的衣服| 经血发黑什么原因| 豌豆的什么不能吃| 很容易出汗是什么原因| 纾字五行属什么| 1979年什么命| 梦见洪水是什么意思| 减肥为什么让早上空腹喝咖啡| 上岗证是什么| 梦见血是什么预兆| 飘零是什么意思| 血小板减少吃什么能补回来| 什么止痛药最快止痛| cordura是什么面料| 小case什么意思| 圣诞节送什么好| 甘之如饴是什么意思| 3月2日是什么星座| 什么然而至| 夏天哈尔滨有什么好玩的地方| 三途苦是指的什么| 漂流是什么| 泡泡尿是什么毛病| 口苦是什么原因| 墓志铭是什么意思| 蚂蚁吃什么| 荥在中医读什么| 阳气不足吃什么药| 近亲结婚生的孩子会得什么病| 这个梗是什么意思| 睡眠质量不好挂什么科| 下巴反复长痘痘是什么原因| 梦见骑自行车是什么意思| 辞海是什么书| 经期吃什么好排除瘀血| 什么人容易得心梗| 蝴蝶喜欢吃什么| 风热感冒什么症状| 八百里加急是什么意思| 吃什么解酒| 褪黑素是什么东西| 婴儿放屁臭是什么原因| 血糖高的可以吃什么水果| 头发干枯毛躁是什么原因| 葛根是什么东西| 大能是什么意思| 老年人腿脚无力是什么原因| 火克什么| 护照类型p是什么意思| 甲状腺三项检查什么| 人造珍珠是什么材质| 什么叫梅核气| 喉咙疼痛吃什么药| 阳春是什么意思| 月经总推迟是什么原因| 堂食是什么意思| 胃溃疡是什么原因导致的| 痉挛是什么| 气质是什么| 甲沟炎吃什么药| 经常早上肚子疼是什么原因| 肺炎咳嗽吃什么药| sinoer是什么牌子| au750是什么金属| 主治医师是什么级别| 菜鸟裹裹是什么快递| 彩铃是什么意思| 嘉靖为什么不杀海瑞| 果是什么结构的字| 农历六月初七是什么星座| 铃字五行属什么| 什么雷声| 什么网名好听| 今天是什么生肖日| 后羿射日什么意思| 人生赢家什么意思| 终亡其酒的亡是什么意思| 阳离子是什么面料| 前列腺有什么作用| 月经推迟十天是什么原因| otc是什么意思| 止汗药什么最好| 孩子咬指甲什么原因| 补办结婚证需要什么手续| 月经期间吃西瓜有什么影响| 吝啬鬼是什么生肖| 龟毛的性格指什么性格| 什么降糖药效果最好| 核桃补什么| 无期徒刑是什么意思| 声东击西什么意思| 拉黑一个人意味着什么| 经常口臭的人是什么原因引起的| 嗯呢什么意思| c5是什么驾驶证| 氯气什么味道| 为什么上小厕会有刺痛感| 甲状腺炎吃什么药| 舌头发黄是什么问题| 酉时五行属什么| 办身份证需要准备什么| 什么饮料好喝| 维c之王是什么水果| 拉肚子引起的发烧吃什么药| 阿司匹林有什么副作用| 颈椎吃什么药| 后脑勺出汗多是什么原因| 一年一片避孕药叫什么| 什么杯子不能装水| 心脏早搏什么症状| 烧心吃什么食物好得快| 婆家是什么意思| 鞠躬是什么意思| 成吉思汗属什么生肖| 什么鱼最迟钝| 什么药补肾| 每个月月经都提前是什么原因| 长期拉肚子是怎么回事什么原因造成| 如意代表什么生肖| 一姐是什么意思| 8.5是什么星座| 喝醉酒是什么感觉| 高校自主招生是什么意思| 转氨酶高是什么问题| 不寐病是什么意思| 外阴炎用什么药| 普洱茶是什么茶类| 高铁特等座有什么待遇| 海带属于什么类| 奥美拉唑有什么副作用| 半夜口渴是什么原因| 为什么支气管炎咳嗽长期不好| 什么东西最好卖| eb病毒igg抗体阳性是什么意思| 宝姿是什么档次的牌子| 0是什么| 长期贫血对身体有什么危害| 钙片什么时候吃效果最好| 白羊座男和什么星座最配| 为情所困是什么意思| 清明节与什么生肖有关| 璟字五行属什么| 阴道口瘙痒是什么原因| 得了幽门螺旋杆菌有什么症状| 空调什么牌子的好| 3月28日什么星座| 抬头头晕是什么原因| 生物学父亲是什么意思| 农田种什么最赚钱| 骑马野战指什么生肖| 古稀是什么意思| 梦到别人怀孕是什么意思| 百度Saltar para o conteúdo

《甜蜜的事业》拍摄地借影视文化建特色小镇

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Guerras napoleónicas)
Guerras Napole?nicas

Topo: Batalha de Austerlitz
Abaixo: Batalha de Waterloo
Data18 de maio de 180320 de novembro de 1815
(12 anos, 5 meses e 4 semanas)
LocalEuropa, Oceano Atlantico, Rio da Prata, Oceano índico, Cáucaso, América do Norte, Mar Mediterraneo, Mar do Norte
DesfechoVitória da Coaliz?o;
Congresso de Viena
Beligerantes
Coaliz?o:
Reino Unido Reino Unido
Império Austríaco
Prússia
Rússia Império Russo
Han?ver
Armée des émigrés
Espanha Espanha
Portugal Portugal
Sicília
Estados Papais
Países Baixos Países Baixos
Império Otomano (1806–1810)
Pérsia (1807–1812)
 Suécia
Suí?a
Hungria
Montenegro
Império Francês Espanha Espanha (1803–1808)
Dinamarca Dinamarca-Noruega
Império Austríaco (1809–1813)
Império Otomano (1807–1809, 1810–1812)
Rússia Império Russo (1807-1812)
Prússia (1807-1812)
Pérsia (1804–1807, 1812–1813)
 Suécia (1810–1812)
Comandantes
Jorge III
Príncipe Jorge
Príncipe Frederico
Príncipe Guilherme
Spencer Perceval
Robert Jenkinson
Francisco I
Arquiduque Carlos
Arquiduque Jo?o
Rússia Alexandre I
Frederico Guilherme III
Espanha Carlos IV
Espanha Fernando VII
Maria I
Príncipe Jo?o
Países Baixos Guilherme I
Países Baixos Guilherme II
Fernando I
Suécia Gustavo IV
Suécia Príncipe Carlos
Luís XVIII
Napole?o Bonaparte  Rendi??o (militar)
José Bonaparte
Luís I
Jer?nimo Bonaparte
Eugênio de Beauharnais
Joaquim Murat ?
Polónia Józef Poniatowski ?
Maximiliano I
Frederico Augusto I
Frederico I
Frederico VI
For?as
750 000 britanicos
1 000 000 de austríacos
2 300 000 russos
700 000 prussianos
Espanha 390 000 espanhóis
50 000 portugueses
Suécia 75 000 suecos
(agregados ao longo do tempo)

e mais milhares de outros soldados de outros países
2 000 000 de franceses (agregados ao longo do tempo)
百度 小雨便打电话给自己的同学小敏,哄骗加上威胁后,将小敏从所住小区带到宾馆。

Estados clientes e aliados:

  • 500 000 – 1 000 000 de soldados e milícias
Baixas
Total: 3 000 000 – 4 000 000 (mortos ou desaparecidos, entre combatentes e civis) Total: 2 000 000 (mortos ou desaparecidos, entre combatentes e civis)

As Guerras Napole?nicas (português brasileiro) ou Guerras Napoleónicas (português europeu) foram uma série de conflitos colocando o Império Francês, liderado por Napole?o Bonaparte, contra uma série de alian?as de na??es europeias. Essas guerras revolucionaram os exércitos e táticas dos países da Europa, com grandes tropas sendo deslocadas para o combate de forma nunca antes vista no continente, acontecendo devido a algumas das primeiras conscri??es em massa modernas. Este conflito foi uma continua??o direta das chamadas Guerras Revolucionárias, que come?aram em 1792 durante a Revolu??o Francesa. Inicialmente, o poderio da Fran?a cresceu exponencialmente, com os exércitos de Napole?o conquistando boa parte da Europa. No total, o imperador francês lutou em mais de sessenta batalhas e perdeu muito poucas, a maioria no fim da sua carreira.[1] O poder francês no continente foi quebrado logo após a desastrosa invas?o da Rússia em 1812. Napole?o foi derrotado em 1814 e enviado para o exílio na ilha de Elba, na costa da Itália; ele, contudo, alguns meses mais tarde, conseguiu escapar, marchou em Paris e retomou o poder na Fran?a, apenas para ser novamente deposto, em 1815, após a fracassada Batalha de Waterloo. O imperador francês foi novamente exilado, desta vez na distante ilha de Santa Helena, onde viria a morrer em 1821.

O conflito viu uma série de Coaliz?es anti-Bonapartistas, formadas por diversas na??es europeias como o Reino Unido, a áustria, a Rússia e a Prússia, se erguendo contra o Império Francês. Os franceses, contudo, foram capazes de vencer cinco das sete coaliz?es que se levantaram contra eles. As primeiras duas aconteceram ainda no contexto das guerras revolucionárias francesas e terminaram como uma vitória da Fran?a. Já a terceira, a quarta e a quinta coaliz?es foram derrotadas por Napole?o com ele já no comando total do país. Estas vitórias deram ao Grande Armée francês e ao seu imperador uma fama de invulnerabilidade, especialmente quando estes marcharam até Moscou, antes de terem que abandonar esta cidade. Com a derrota sofrida na Rússia, em 1812, onde os franceses foram sobrepujados pelo poderoso inverno russo, o exército napole?nico n?o conseguiu se erguer novamente e se tornou uma sombra do seu antigo poderio. Ent?o a sexta coaliz?o europeia se levantou novamente contra a Fran?a e derrotou Napole?o na decisiva Batalha de Lípsia e depois avan?aram sobre o norte e leste da Fran?a, marchando em Paris em meados de 1814. No ano seguinte, durante a Guerra da Sétima Coaliz?o, os franceses foram derrotados, desta vez de forma definitiva, na Batalha de Waterloo. Vitoriosas, as potências europeias come?aram a redesenhar o mapa do continente com as fronteiras de antes de 1789, através do Congresso de Viena.

As guerras napole?nicas tiveram um impacto significativo no cenário geopolítico europeu, como na dissolu??o do Império Romano-Germanico, e fez ascender novas ondas de patriotismo e nacionalismo pelo continente, que ajudaram os processos de reunifica??o na Alemanha e Itália ao final do século XIX. O outrora poderoso Império Espanhol entrou em rápido declínio após a ocupa??o francesa, abrindo caminho para revolu??es por independência em toda a América espanhola. Assim, o Império Britanico se tornou a maior potência mundial, de forma incontestável, pelas próximas décadas, dando início à chamada Pax Britannica.[2]

Há discórdia entre acadêmicos e historiadores a respeito de quando as guerras revolucionárias francesas terminam e as Guerras Napole?nicas come?am de fato. A chegada de Napole?o Bonaparte ao poder na Fran?a aconteceu em 9 de novembro de 1799 e em 18 de maio de 1803 a guerra entre franceses e britanicos recome?ou a todo vapor, após um período de curta paz firmada no Tratado de Amiens. Grandes combates pelo continente europeu terminaram após a derrota final de Napole?o em junho de 1815, embora algumas lutas de pequena intensidade ainda estivessem acontecendo. O Tratado de Paris formalmente encerrou as guerras em 20 de novembro de 1815.

Antecedentes (1789–1802)

[editar | editar código fonte]

Notícias dos acontecimentos da Revolu??o Francesa de 1789 foram recebidas com grande alarde pelas lideran?as políticas nos países pela Europa, o que só piorou quando eles souberam da pris?o e execu??o do rei Luís XVI de Fran?a. A primeira tentativa de esmagar a recém-nascida República Francesa veio em 1793 quando o Império Austríaco, o Reino da Sardenha, o Reino de Nápoles, o Reino da Prússia, Espanha e o Reino da Gr?-Bretanha formaram a chamada Primeira Coaliz?o. Os franceses tomaram várias medidas, incluindo conscri??es em massa (levée en masse), reformas militares e uma política de guerra total, que acabaram contribuindo para a vitória e sobrevivência da República. Ainda assim, o conflito interno persistiu e se tornou uma guerra civil aberta. A Guerra da Primeira Coaliz?o terminou quando o jovem general Napole?o Bonaparte derrotou os austríacos na Itália e chegou às portas de Viena, impondo à áustria o Tratado de Campoformio. Em 1797, apenas a Inglaterra continuava oficialmente em guerra contra a Fran?a.[3]

Porém, em 1798, a Segunda Coaliz?o foi formada contra a Fran?a e era composta novamente pela áustria, Reino Unido, Nápoles, o Império Otomano, os Estados Papais, Portugal, o Império Russo, a Suécia e alguns outros países. Durante a Guerra da Segunda Coaliz?o, a República Francesa sofria com corrup??o e divis?es internas sob o governo do Diretório (cinco directeurs que detinham o poder executivo total). A economia francesa estava em frangalhos e n?o tinha mais os servi?os de Lazare Carnot, o ministro da guerra que havia supervisionado as campanhas bem-sucedidas no exterior após uma reforma nas for?as armadas na década de 1790. O general Bonaparte, principal arquiteto da vitória contra a primeira coaliz?o, lan?ou uma incurs?o militar no Egito. Na Europa, a Fran?a sofria com derrotas e priva??es. O principal instigador e financiador da guerra era a Inglaterra, velha rival do país.[3]

Bonaparte retornou do Egito em 23 de agosto de 1799 e tomou controle do governo a 9 de novembro do mesmo ano no Golpe de 18 de brumário, que derrubou o Diretório e formou o chamado Consulado, liderado por Napole?o. Sob sua lideran?a, o exército francês se rearmou e foi reorganizado. Uma for?a de reserva também foi mobilizada para futuras campanhas além do Reno e na Itália.[4]

Em todas as frentes, os franceses, sob a lideran?a de Napole?o, come?aram a avan?ar e empurraram os austríacos para longe do seu território e também afastaram a amea?a da Rússia. Na Itália, Bonaparte derrotou os austríacos novamente nas batalhas de Marengo e Hohenlinden em 1800. Derrotada, a áustria assina o Tratado de Lunéville (9 de fevereiro de 1801). Agora isolado, o Reino Unido foi for?ado a assinar o Tratado de Amiens com a Fran?a.[4]

Data de início e nomenclatura

[editar | editar código fonte]

N?o há consenso sobre quando as guerras revolucionárias francesas terminaram e as guerras napole?nicas come?aram. As datas para o come?o do conflito s?o debatidas entre 9 de novembro de 1799, quando Napole?o tomou o poder no 18 de brumário;[5] ou em 18 de maio de 1803, quando a Gr?-Bretanha encerrou o período de paz que firmou com a Fran?a. Outra data debatida é 2 de dezembro de 1804, quando Bonaparte se coroou imperador.[6]

Historiadores britanicos se referem ao período quase contínuo de guerras de 1792 a 1815 como a "Grande Guerra Francesa", ou como a fase final da Segunda Guerra dos Cem anos, que teria ido de 1689 a 1815.[7]

Na Fran?a, as Guerras Napole?nicas s?o geralmente integradas com as Guerras Revolucionárias Francesas (Les guerres de la Révolution et de l'Empire).[8]

Táticas de Napole?o

[editar | editar código fonte]

Napole?o foi, e ainda é, reconhecido por suas vitórias nos campos de batalha. Historiadores e analistas militares há muito tempo estudam seus feitos.[9] Em 2008, Donald Sutherland escreveu:

"A batalha ideal Napole?nica era manipular o inimigo a uma posi??o infavorável através de manobras e ardis, for?ando ele a mandar suas principais for?as e reservas para a batalha principal e depois realizar um ataque envolvente com as tropas n?o comprometidas ou reservas no flanco ou por trás. Tal ataque surpresa ou daria um duro golpe na moral inimiga ou o for?aria a quebrar suas linhas. Ainda assim, a própria impulsividade do inimigo come?ava o processo onde um pequeno exército francês poderia derrotá-los um a um".[10]

Após 1807, Napole?o criou uma for?a de artilharia bem armada e altamente móvel. O imperador francês, ao invés de contar com sua infantaria para enfraquecer as linhas inimigas, agora usava artilharia pesada para enfraquecer o inimigo. Uma vez que a posi??o inimiga estava amaciada, a infantaria e a cavalaria avan?avam em peso.[11]

O Reino Unido n?o estava feliz com várias a??es tomadas pela Fran?a após a assinatura do Tratado de Amiens. Napole?o Bonaparte havia anexado Piemonte e a Ilha de Elba, e se proclamou presidente da República Italiana, um Estado criado pela Fran?a. Os franceses também interferiam bastante nos assuntos comerciais britanicos, apesar dos acordos de paz. Paris também reclamava que a Gr?-Bretanha ainda dava abrigo a certos indivíduos e n?o calava a imprensa antifrancesa do país.[12]

A ilha de Malta havia sido capturada pelos britanicos durante a Guerra da Segunda Coaliz?o e esse assunto foi tratado em um complexo acordo estipulado pelo 10.o artigo do Tratado de Amiens onde a Ordem de S?o Jo?o foi restaurada com uma guarni??o napolitana. Contudo, o enfraquecimento da Ordem através do confisco de seus bens na Fran?a e Espanha, além de outros atrasos, evitaram que os britanicos pudessem se retirar da ilha nos três meses estipulados pelo tratado.[12]

A República Helvética foi estabelecida pela Fran?a quando eles invadiram a Suí?a em 1798. Os franceses retiraram suas tropas, mas violentas revoltas aconteceram contra o governo, que muitos suí?os viam como centralizado demais. Alarmado, Bonaparte reocupou o país em 1802 e imp?s um acordo de media??o. Esta a??o causou ultraje na Gr?-Bretanha, que protestou afirmando que este ato violava o Tratado de Lunéville. Embora as potências continentais n?o estivessem preparadas para agir, os britanicos decidiram enviar um agente para ajudar os suí?os a obter suprimentos e deu ordens para as suas for?as armadas n?o devolverem a Col?nia do Cabo para a Holanda, como eles haviam prometido no Tratado de Amiens. Contudo, a resistência suí?a acabou entrando em colapso antes de qualquer mudan?a significativa nas políticas internacionais e depois de um mês os ingleses decidiram revogar a ordem de n?o entregar a Col?nia do Cabo. Ao mesmo tempo, a Rússia também entrou nas discuss?es sobre a ilha de Malta. Preocupada com a possibilidade de recome?o das hostilidades quando Bonaparte descobrisse que a Col?nia do Cabo n?o havia sido retida, os britanicos come?aram a deliberadamente procrastinar sua evacua??o de Malta. Em janeiro de 1803, um artigo oficial do governo francês publicou um relatório de um agente comercial que dizia com quanta facilidade a Fran?a havia conquistado o Egito. Os britanicos usaram isso como motivo para exigir algum tipo de satisfa??o e seguran?a antes de evacuar Malta, que podia ser usado como rota para o Egito. A Fran?a negou qualquer inten??o de tentar anexar o Egito e perguntou que tipo de garantias os ingleses precisavam, mas estes n?o responderam. Ainda n?o havia um interesse das partes em recome?ar as hostilidades, com o primeiro-ministro Henry Addington afirmando publicamente que a Gr?-Bretanha estava em um profundo estado de paz.[12]

No come?o de mar?o de 1803, o governo de Addington recebeu a notícia de que a Col?nia do Cabo havia sido reocupada pelo Exército Britanico, de acordo com as ordens dadas. No dia 8, novas ordens foram passadas aos militares para se prepararem para uma retalia??o francesa, mas a propaganda estatal afirmou falsamente que isso era uma resposta às prepara??es que os franceses estavam fazendo e que negocia??es com Paris estavam sendo feitas. Napole?o reagiu repreendendo o embaixador britanico na frente de 200 espectadores a respeito das prepara??es militares n?o justificadas do seu país.[12]

O governo do primeiro-ministro inglês, Henry Addington, sabia que haveria uma investiga??o para saber se o motivo das recentes prepara??es militares era justificado ou n?o. Durante o mês de abril ele tentou, sem sucesso, buscar apoio de William Pitt para se blindar de qualquer dano político.[12] Nesse mesmo período, o governo britanico fez um ultimato à Fran?a, exigindo a reten??o de Malta por pelo menos dez anos, a permanente aquisi??o da ilha de Lampedusa do Reino da Sicília e a evacua??o da Holanda. Em retorno, eles reconheceriam as conquistas territoriais francesas na Itália, se Napole?o se retirasse da Suí?a e recompensasse o Reino da Sardenha por suas perdas territoriais. A Fran?a ofereceu, em contrapartida, colocar a ilha de Malta em m?os russas, para aliviar as preocupa??es britanicas, se retirar da Holanda, uma vez que a saída inglesa de Malta estivesse concluída, e formar uma conven??o para dar satisfa??o ao Reino da Gr?-Bretanha em outros temas. Porém os britanicos falsamente afirmaram que a Rússia nunca se ofereceu e o seu embaixador deixou Paris.[12] Ainda tentando evitar uma guerra, Bonaparte tentou fazer um acordo secreto com os ingleses onde estes poderiam se manter em Malta se aos franceses fosse permitido ocupar a península de Otranto, em Nápoles. Porém todos os esfor?os foram infrutíferos e a Inglaterra oficialmente declarou guerra à Fran?a em 18 de maio de 1803.[13]

Em 1804, Napole?o foi coroado Imperador dos Franceses, restaurando o poder monárquico na Fran?a.[14]

Guerra entre o Reino Unido e a Fran?a (1803–1814)

[editar | editar código fonte]

Motiva??es britanicas

[editar | editar código fonte]

Os britanicos terminaram sua paz fraca criada pelo Tratado de Amiens quando declararam guerra à Fran?a em maio de 1803. O governo do Reino da Gr?-Bretanha estava ficando cada vez mais irritado com Napole?o alterando a ordem política na Europa Ocidental, especialmente na Suí?a, na Alemanha, na Itália e na Holanda. O acadêmico Frederick Kagan diz que os britanicos estavam insultados e alarmados com o controle de Napole?o sobre o território suí?o. O líder francês falou que os ingleses n?o tinham nada a dizer a respeito dos acontecimentos na Europa continental e queria interromper a circula??o de jornais ingleses que difamavam Napole?o.[15]

A Gr?-Bretanha imaginava estar perdendo o controle político e sua hegemonia, além da perda de mercados, e se preocupava que Napole?o iria tentar amea?ar suas col?nias fora do continente europeu. O autor Frank McLynn afirma que a decis?o britanica de ir à guerra contra a Fran?a em 1803 foi uma "mistura de motiva??es econ?micas e neurose nacional — uma ansiedade irracional sobre os motivos e inten??es de Napole?o". Contudo, McLynn argumenta que, no longo prazo, a decis?o de fazer guerra foi correta, pois as inten??es de Napole?o eram hostis e iam de encontro aos interesses britanicos. Além disso, Bonaparte n?o estava preparado para a guerra naquele momento e era o melhor período para os britanicos irem à ofensiva. A Inglaterra ent?o tomou conta da Malta, se recusando a acatar os termos do Tratado de Amiens.[16]

O maior medo dos britanicos era que Napole?o estaria tomando controle da Europa, tornando o sistema internacional instável e excluindo a Gr?-Bretanha do cenário político.[17][18][19][20]

Muitos acadêmicos afirmam que a postura agressiva de Napole?o fez dele inimigo de muitos países e lhe custou aliados.[21] Em 1808 os franceses já estavam em controle de boa parte da Europa continental, mas o conflito constante com a Inglaterra levou a Guerra Peninsular e a Campanha da Rússia, onde muitos afirmam que foram erros de cálculo de Napole?o.[22][23][24][25][26]

Nunca houve uma tentativa séria de encerrar um conflito por meio de um acordo de paz. O pedido mais relevante foi feito por Charles James Fox, secretário de rela??es exteriores inglês, em 1806 e terminou em fracasso. Os britanicos queriam reter suas possess?es coloniais no exterior e ainda manter Han?ver sob seu controle, e em retorno reconheceriam as conquistas territoriais francesas. Os franceses aceitaram deixar aos ingleses Malta, Col?nia do Cabo, Tobago e a índia Francesa, mas queriam a Sicília em troca da restaura??o de Han?ver, uma condi??o que os britanicos recusaram.[27]

Ao contrário dos seus aliados nas Coaliz?es, o Reino da Gr?-Bretanha esteve sempre em guerra contra a Fran?a no curso das Guerras Napole?nicas. Protegidas por sua superioridade naval, os britanicos travaram poucas batalhas terrestres contra a Fran?a no curso da década, preferindo travar guerra por procura??o. O governo britanico gastou enormes quantidades de dinheiro para apoiar outros Estados europeus a guerrearem contra Napole?o, chegando a pagar por exércitos inteiros. Foi dinheiro inglês, por exemplo, que manteve viva a rebeli?o espanhola na Guerra Peninsular (1808–1814), apoiando os guerrilheiros. Uma for?a anglo-portuguesa, liderada por Arthur Wellesley, apoiada pelos espanhóis, realizaram uma campanha bem-sucedida por terra para expulsar os franceses da Espanha, dando à Inglaterra a oportunidade de invadir a Fran?a pelo sul. Em 1815, o exército britanico venceu as tropas de Napole?o em Waterloo.[28]

Além de algumas pequenas batalhas navais travadas em alguns cantos do império colonial britanico, as guerras napole?nicas tiveram um aspecto global bem menor se comparado com a Guerra dos Sete Anos (1756–1763), que foi o primeiro conflito a ser caracterizado como uma "guerra mundial".[29]

Guerra econ?mica

[editar | editar código fonte]

Em resposta ao bloqueio naval imposto pelos ingleses contra a costa francesa iniciado em maio de 1806, Napole?o firmou o Decreto de Berlim, em 21 de novembro do mesmo ano, que iniciou o Bloqueio Continental.[30] O objetivo era isolar a Gr?-Bretanha economicamente ao tentar encerrar o seu comércio com o continente. O Reino Unido manteve um exército de 220 000 soldados profissionais no auge das Guerras Napole?nicas, onde apenas metade estavam disponíveis para campanhas, com o resto sendo alocado na Irlanda e em outras possess?es coloniais inglesas pelo mundo para garantir sua prote??o e que estas próprias n?o tentassem se rebelar. Cerca de 2,5 milh?es de homens serviram nos exércitos napole?nicos (incluindo milícias e guardas nacionais). Muitos destes soldados eram fornecidos pelos países satélites de Napole?o. O maior exército que ele conseguiu mobilizar para uma campanha foi de 685 000 homens para lutar na Rússia (em 1812), sendo que metade desta tropa eram franceses.[31]

A Marinha Real Britanica conseguiu impedir o comércio extracontinental francês — ao atacar navios franceses em alto-mar e até tomando pela for?a possess?es coloniais francesas no exterior — mas n?o p?de fazer muita coisa com as rela??es comerciais dentro do continente europeu. Além disso, a Fran?a tinha uma popula??o bem maior que a do Reino Unido e também tinha uma agricultura muito maior. Contudo, a Gr?-Bretanha tinha os maiores parques industriais da Europa e sua dominancia militar nos oceanos garantiu que o país manteria sua riqueza através do comércio marítimo. Isso garantiu que a Fran?a n?o conseguiria manter a Europa sob seu controle pela paz, pois os países de lá sempre precisariam de bens e matérias-primas encontradas fora do continente. Ainda assim, o governo francês acreditava que conseguiria enfraquecer a Inglaterra ao isolá-la do continente e acabar com sua influência econ?mica na regi?o.[32]

Financiando o conflito

[editar | editar código fonte]

Um fator importante para o sucesso britanico foi sua habilidade de mobilizar todos os recursos financeiros e industriais da na??o para derrotar a Fran?a. O Reino da Gr?-Bretanha tinha uma popula??o de 16 milh?es de pessoas, metade da popula??o francesa (que era de um pouco mais de 30 milh?es). Ent?o, com uma popula??o maior, é natural que a Fran?a tivesse um exército maior. Contudo, os britanicos compensavam isso ao subsidiar, através de empréstimos, as for?as armadas de países como áustria e Rússia, que tinham pelo menos 450 000 homens em armas em 1813.[31][33] Pelos termos do tratado Anglo-Russo de 1803, os britanicos pagariam 1,5 milh?es de libras por cada 100 000 soldados que a Rússia conseguisse mobilizar.[34]

Mais importante, a produ??o nacional britanica manteve-se forte e seu setor bem-organizado de negócios canalizava a produ??o para as necessidades militares. O Reino Unido usou seu poder econ?mico para expandir a Marinha Real, dobrando o seu número de fragatas e aumentando em 50% o seu inventário de navios de linha, enquanto aumentava o número de marinheiros de 15 000 para 133 000 em oito anos após o come?o das guerras contra a Fran?a em 1793. Os franceses, enquanto isso, viram sua marinha ser reduzida pela metade.[35]

O Bloqueio Continental, que visava isolar a Inglaterra economicamente do restante do continente europeu, acabou fracassando devido à corrup??o, contrabando e da dificuldade de impor tal bloqueio a todos os portos da Europa continental. No final, a economia britanica sofreu pouco. Os subsídios britanicos à Rússia e à áustria mantiveram estes países na guerra. O or?amento do governo britanico em 1814 chegou a 66 milh?es de libras, incluindo 10 milh?es para a marinha de guerra, 40 milh?es para o exército, 10 milh?es em empréstimos aos aliados e 38 milh?es em juros da dívida nacional. De fato, a dívida pública subiu para 679 milh?es, o dobro do PIB nacional na época. Fundos vinham de investidores privados e impostos sobre os cidad?os. Um imposto que viu um acentuado crescimento foi o de terras e sobre novas rendas. O custo total da guerra foi estipulado em 831 milh?es de libras. Em contraste, o sistema financeiro francês era inadequado e Napole?o se viu for?ado a adquirir fundos e requisi??es nas novas terras conquistadas.[36][37][38]

Guerra da Terceira Coaliz?o (1803)

[editar | editar código fonte]
O navio britanico HMS Sandwich disparando contra o navio-almirante francês Bucentaure durante a Batalha de Trafalgar. O Bucentaure também aparece lutando contra o HMS Victory e o HMS Temeraire. Na verdade, o HMS Sandwich n?o lutou em Trafalgar e sua presen?a nela foi um erro por parte do pintor Auguste Mayer, autor desta famosa imagem.[39]

Em 1803, o Reino Unido reuniu seus aliados pelo continente para formar a Terceira Coaliz?o contra a Fran?a.[40][41] Em resposta, Napole?o contemplou invadir a Gr?-Bretanha[42] e reuniu um efetivo de 200 000 homens na cidade de Bolonha para a opera??o.[43] Contudo, antes que ele pudesse autorizar uma invas?o, era preciso conquistar superioridade naval ou pelo menos afastar a esquadra britanica do Canal Inglês. Um complexo plano para distrair a marinha inglesa foi feito ao amea?ar as possess?es coloniais britanicas nas índias Ocidentais, mas fracassou quando a frota Franco-espanhola, sob comando do almirante Villeneuve, foi for?ada a recuar após a malsucedida batalha de Cabo Finisterra, a 22 de julho de 1805. A marinha britanica ent?o bloqueou Villeneuve em Cádiz, na costa de Andaluzia (sul da Espanha), até ele partir para Nápoles em 19 de outubro. Por fim, a esquadra combinada da marinha francesa foi derrotada na decisiva batalha de Trafalgar, em 21 de outubro. O comandante da frota britanica, o almirante Horatio Nelson, morreu no combate. Napole?o ent?o n?o veria outra oportunidade de desafiar o poderio inglês no mar, nem amea?aria mais uma invas?o das ilhas britanicas. Ele ent?o voltou sua aten??o para os inimigos no continente, que naquela altura estavam se mobilizando contra ele.[44]

Situa??o estratégica na Europa em 1805 antes da Guerra da Terceira Coaliz?o.

Em abril de 1805, a Rússia e o Reino Unido assinaram um tratado que visava remover a Fran?a da República Batava (atual Holanda) e da Confedera??o Suí?a. A áustria se juntou à alian?a após a anexa??o da cidade de Gênova pelos franceses e a proclama??o de Napole?o como Rei da Itália em 17 de mar?o de 1805. A Suécia, que já havia concordado em emprestar a regi?o da Pomerania sueca como base militar para que as tropas britanicas atacassem a Fran?a, se juntou à coaliz?o em 9 de agosto.[45]

Os austríacos foram os primeiros a partir para a ofensiva na guerra ao invadir a Baviera com um exército de 70 000 homens sob comando de Karl Mack von Leiberich. Napole?o ent?o moveu seu exército, que estava estacionado na Bolonha, para confrontar os austríacos. Em Ulm (25 de setembro–20 de outubro) Napole?o cercou as for?as de Leiberich e for?ou sua rendi??o, sofrendo pouquíssimas baixas no processo. Com o principal exército austríaco ao norte dos Alpes derrotado, os franceses marcharam em Viena. Ent?o, afastado de suas linhas de suprimento, Napole?o teve que enfrentar agora uma for?a austro-russa comandado pelo marechal Mikhail Kutuzov, acompanhado pelo imperador russo Alexandre I em pessoa. A 2 de dezembro, ele esmagou essa tropa, nas cercanias de Morávia, na Batalha de Austerlitz. Mesmo em menor número, Bonaparte infligiu cerca de 36 000 baixas ao inimigo (entre mortos, feridos e capturados), sofrendo apenas 9 000 dentre a sua própria tropa.[45]

A rendi??o da cidade de Ulm aos franceses, em outubro de 1805.

Derrotada, a áustria n?o teve escolha se n?o sair da Coaliz?o e buscar a paz com a Fran?a. A 26 de dezembro de 1805 foi firmado o Tratado de Presburgo, que for?ou os austríacos a ceder a regi?o de Vêneto para o Reino de Itália (governado por Napole?o) e Tirol para a Baviera. Com a saída da áustria da guerra, um impasse apareceu. Napole?o venceu diversas batalhas, mas o poderio completo do exército russo n?o havia sido testado, com o grosso de suas tropas ainda em seu território. Bonaparte agora tinha comando absoluto da Fran?a e havia expandido seu novo império ao conquistar a Bélgica, os Países Baixos, a Suí?a e boa parte da Alemanha ocidental e o norte da Itália. Seus apoiadores afirmam que Napole?o pretendia encerrar suas conquistas ali, mas sua m?o foi for?ada a continuar lutando e ganhar novos territórios para o país a fim garantir a seguran?a nacional diante de países que se negavam a aceitar os seus feitos.[45] O escritor Esdaille, contudo, discorda e afirma que, ao fim da Terceira Coaliz?o, as potências europeias estavam dispostas a aceitar Napole?o como ele era. O autor afirma:

"Em 1806, tanto a Rússia quanto o Reino Unido possivelmente estavam ansiosos para fazer paz e eles podiam até concordar com os termos apresentados e deixar intactas as conquistas de Napole?o. Já a áustria e a Prússia queriam simplesmente serem deixadas em paz. Para firmar uma paz sólida, ent?o, poderia até ser fácil. Mas… Napole?o n?o estava preparado para fazer concess?es".[46]

Guerra da Quarta Coaliz?o (1806–1807)

[editar | editar código fonte]
Napole?o em Berlim (Meynier). Após derrotar as for?as prussianas em Jena, o exército francês marchou em Berlim em 27 de outubro de 1806.

Quase um ano após o término da Terceira Coaliz?o contra a Fran?a, iniciou-se a Guerra da Quarta Coaliz?o (1806–1807) formada pelo Reino Unido, Prússia, Rússia, Sax?nia e Suécia para, novamente, lutar contra Napole?o. Em julho de 1806, Bonaparte formou a Confedera??o do Reno que firmou uma alian?a entre vários pequenos Estados no cora??o da Alemanha, na regi?o da Renania, e no oeste do país. Ele amalgamou muitos pequenos países em um conjunto de ducados e reinos para fazer a governan?a de países na Alemanha n?o prussiana mais fácil. Napole?o elevou os governantes dos dois maiores reinos da Confedera??o, a Sax?nia e a Baviera, para os status de rei.[47]

Em agosto de 1806, o rei prussiano, Frederico Guilherme III, decidiu fazer guerra contra a Fran?a, independente da ajuda das outras potências. O exército russo, principal aliado da Prússia, em particular, estava longe demais. A 8 de outubro, Napole?o avan?ou com suas tropas para o leste do Reno e sobre a Prússia. Napole?o pessoalmente derrotou um exército prussiano na Batalha de Jena (14 de outubro de 1806), enquanto o marechal Louis Nicolas Davout também os derrotou na Batalha de Auerstedt no mesmo dia. No auge, cerca de 160 000 soldados franceses participavam da campanha contra a Prússia, usando sua mobilidade para derrotar o inimigo. Os prussianos conseguiam mobilizar até 250 000 soldados, sendo que eles sofreram 25 000 baixas, com outros 150 000 sendo feitos prisioneiros. Pelo menos 4 000 pe?as de artilharia e 100 000 mosquetes foram capturados. Em Jena, o combate n?o foi t?o significativo. Mas em Auerst?dt o grosso do exército prussiano foi destruído. Ent?o, a 27 de outubro de 1806, Napole?o marchou em Berlim. Lá ele visitou a tumba de Frederico, o Grande e ordenou que seus marechais removessem seus chapéus quando entraram na tumba para reverencia-lo.[47]

No total, levou apenas 19 dias para Napole?o subjugar a Prússia e entrar em Berlim. O ponto decisivo da campanha foi a sua vitória nas batalhas de Jena e Auerst?dt. A Sax?nia decidiu ent?o se afastar dos prussianos e, junto com vários Estados menores alem?es, se aliaram de vez à Fran?a.[47]

O ataque da Guarda Imperial Russa contra a infantaria francesa na Batalha de Friedland, em 14 de junho de 1807.

No próximo estágio da guerra, os franceses lutaram para for?ar os russos para fora da Pol?nia. Os nacionalistas poloneses imediatamente se levantaram em favor da Fran?a. Soldados alem?es também ajudaram as tropas de Napole?o, principalmente em cercos militares nas regi?es da Silésia e Pomerania, com assistência também de soldados holandeses e italianos. Napole?o ent?o virou-se para o norte para confrontar o que sobrou das tropas russas e para capturar a capital nova da Prússia em Conisberga. Após uma vitória contestada em Eylau (7–8 de fevereiro de 1807), Bonaparte conseguiu for?ar a rendi??o da cidade de Danzigue após um curto cerco (24 de maio de 1807). Outra vitória contestada veio na Batalha de Heilsberg (10 de junho de 1807), onde for?ou os russos a recuar novamente. Uma vitória mais definitiva veio na Batalha de Friedland (14 de junho de 1807), onde conseguiu derrotar o grosso do exército imperial russo. Após esta derrota, o Czar Alexandre I da Rússia decidiu buscar a paz com a Fran?a e firmou ent?o o Tratados de Tilsit (7 de julho de 1807). Na Alemanha e na Pol?nia, novos estados satélites de Napole?o, como o Reino de Vestfália, o Ducado de Varsóvia e a República de Danzigue, foram estabelecidos.[47]

Em setembro de 1807, o marechal Guillaume Brune completou a ocupa??o da Pomerania sueca, permitindo ao exército sueco, contudo, fugir com toda a sua muni??o.[47]

Impossibilitado de invadir a Inglaterra devido à superioridade naval desta, Napole?o imp?s o Bloqueio Continental, proibindo os países do continente europeu de comercializarem com o Reino Unido. Os britanicos responderam lan?ando uma grande ofensiva naval contra o aliado mais fraco da Fran?a, a Dinamarca. Apesar de declaradamente neutros, os dinamarqueses eram pressionados pelos franceses e russos para apoiar a frota de Napole?o. Londres n?o podia simplesmente ignorar a amea?a dinamarquesa. Em novembro de 1807, a marinha real britanica bombardeou a cidade de Copenhague, capturando a frota dinamarquesa, garantindo o fluxo de navios ingleses na regi?o. A Dinamarca n?o lutou na guerra ao lado da Fran?a e agora com a perda de suas bases navais ficou ainda mais irrelevante no conflito.[48][49]

Cavalaria polonesa atacando durante a Batalha de Somosierra, na Espanha, em 1808.

No Congresso de Erfurt (setembro–outubro de 1808), Napole?o e Alexandre I concordaram que a Rússia deveria for?ar a Suécia a se unir ao Bloqueio Continental, o que levou a Guerra Finlandesa de 1808–09 e a divis?o do território sueco em duas partes no Golfo de Bótnia. A parte leste se tornou o Gr?o-Ducado da Finlandia, pertencente à Rússia.[47]

Em 1807, Napole?o fortaleceu sua base de poder na Europa oriental. A Pol?nia sempre fora dividida pelos seus três vizinhos, mas Bonaparte criou o chamado Ducado de Varsóvia, mas este Estado se tornou muito dependente da Fran?a. O Ducado incorporava territórios que outrora pertenciam a áustria e Prússia. Sua popula??o era de 4,3 milh?es e em 1814 enviou 200 000 homens para lutar ao lado de Napole?o, incluindo 90 000 que marcharam com ele até Moscou (a maioria n?o retornou).[50] Os russos fortemente se opuseram a ideia de uma Pol?nia soberana e independente, e isto foi um dos motivos que levou a Fran?a a invadir o Império Russo em 1812. O Ducado polonês foi dissolvido em 1815, após a queda de Napole?o. A Pol?nia só voltaria a ser um Estado independente em 1918.[51]

A influência de Napole?o no território polonês (assim como em outros territórios ocupados e vizinhos) foi imensa, incluindo a implementa??o do código napole?nico, a aboli??o da servid?o, e a introdu??o das burocracias que firmaram a classe média local.[52]

Guerra da Quinta Coaliz?o (1809)

[editar | editar código fonte]
A Rendi??o de Madri (Gros), 1808. Napole?o entrou na capital espanhola perto do auge da Guerra Peninsular.

A Quinta Coaliz?o (1809) come?ou com uma alian?a entre o Reino Unido e a áustria contra a Fran?a, enquanto os ingleses instigavam a Guerra Peninsular com Portugal e a Espanha contra as tropas francesas de ocupa??o. Mais uma vez, os britanicos se tornaram a principal figura do conflito, tomando as maiores a??es já que o principal teatro de opera??es contra Napole?o foi, inicialmente, no mar. A marinha do Reino Unido liderou uma série de opera??es bem-sucedidas contra os franceses em suas col?nias ultramarinas.[53]

Em terra, a guerra da Quinta Coaliz?o viu menos movimenta??es militares que as anteriores. Uma delas foi a Expedi??o de Walcheren de 1809, que envolveu um esfor?o duplo do exército e marinha do Reino Unido para distrair as for?as francesas no leste e aliviar a situa??o dos austríacos. Esta opera??o terminou em desastre quando o comandante, John Pitt, falhou em capturar seu objetivo, a base naval francesa na Antuérpia. Durante boa parte da guerra, as opera??es militares britanicas em terra (com exce??o da Península Ibérica) viraram apenas a??es isoladas executadas pela Marinha Real, que dominava os mares após ter derrotado boa parte da oposi??o naval por parte da Fran?a e seus aliados, bloqueando seus portos e bases navais e outras fortifica??es costeiras. Estas a??es isoladas visavam interromper o tráfego naval (civil e militar) francês, atrapalhando suas linhas de comunica??o e suprimentos. Quando os países da coaliz?o tentavam lan?ar expedi??es perto da costa, a marinha britanica os ajudava pelo mar ou desembarcava tropas e suprimentos para eles.[47]

Declara??o de guerra feita por D. Jo?o a Napole?o Bonaparte e todos os seus vassalos, 1808. Arquivo Nacional.

A guerra econ?mica continuava com o Bloqueio Continental imposto pela Fran?a contra o Reino Unido, proibindo o comércio da Europa com as ilhas britanicas. Devido à falta de suprimentos militares e má organiza??o nos territórios controlados pela Fran?a, muitas brechas foram encontradas no bloqueio e muitos líderes em na??es dominadas por Napole?o toleravam e até encorajavam o comércio contrabandista com os ingleses. Em termos de danos econ?micos à Gr?-Bretanha, o bloqueio foi majoritariamente ineficiente. Na verdade, implementá-lo era mais dispendioso para a Fran?a. Assim, Napole?o rapidamente percebeu que países como Espanha, Portugal e Rússia abertamente desrespeitavam seu bloqueio e invadi-los seria a única op??o. Essas acabaram sendo decis?es táticas erradas, pois o custo da ocupa??o do território espanhol e da ofensiva contra o Império Russo foram astron?micos e comprometeram um elevado número de vidas francesas e de aliados, o que acelerou a derrota de Napole?o.[54]

Ambos os lados lan?aram dispendiosas campanhas militares para for?ar os seus bloqueios. Os britanicos travaram um conflito contra os Estados Unidos na Guerra anglo-americana (1812–1815), enquanto os franceses travaram a Guerra Peninsular (1808–1814) para manter a Espanha sob controle e impedir o comércio da Península Ibérica com a Inglaterra. O conflito ibérico come?ou quando Napole?o invadiu Portugal pois estes se recusaram a tomar parte do Bloqueio Continental e continuaram a comercializar com o Reino Unido. Quando o governo espanhol falhou em manter o sistema continental, a tênue alian?a entre a Fran?a e a Espanha acabou terminando. Tropas francesas avan?aram e tomaram grandes por??es do país, incluindo a capital Madri, e instalaram um novo rei no poder, o próprio irm?o de Napole?o, José Bonaparte. Isso levou à revolta da popula??o local e uma onda de nacionalismo tomou conta da na??o. Os britanicos intervieram, apoiando o movimento de guerrilha espanhola contra a ocupa??o francesa.[47]

A situa??o estratégica na Europa em fevereiro de 1809.

A áustria, que estava em paz com a Fran?a, aproveitou-se do fato de que os franceses estavam voltando sua aten??o para a Espanha, decidiu reivindicar seu território perdido na Alemanha após sua derrota em Austerlitz (durante a guerra da Terceira Coaliz?o). O Império Austríaco conseguiu avan?ar bem inicialmente, já que as tropas do marechal Louis Berthier estavam espalhadas pela frente leste. Napole?o deixou cerca de 170 000 homens sob comando de Berthier para defender toda a Europa Oriental.[47]

Após ver seu exército sofrer diversas derrotas na Espanha, Napole?o decidiu pessoalmente tomar conta da situa??o e liderou a contra-ofensiva, conquistando algum sucesso. Ele retomou Madri, derrotou o grosso do exército rebelde espanhol e for?ou a retirada dos britanicos da Península Ibérica (Batalha de Corunha, 16 de janeiro de 1809). Mas quando Bonaparte partiu, uma campanha de guerrilha contra a ocupa??o francesa recome?ou em larga escala, terminando em milhares de mortos e for?ando Napole?o a deixar para trás uma grande tropa (soldados que seriam úteis em outras frentes). Enquanto isso, o ataque austríaco no leste for?ou Napole?o a desviar o olhar das for?as britanicas devido à sua necessidade de partir para enfrentar a áustria no cora??o da Alemanha. Os britanicos ent?o enviaram Sir Arthur Wellesley com um novo exército para a Espanha, garantindo que a luta na regi?o n?o parasse.[55]

A guerra na Península Ibérica foi desastrosa para a Fran?a. Enquanto Napole?o comandava as tropas pessoalmente, a luta esteve bem. Mas quando ele deixou a Espanha, a situa??o voltou a desandar e o número de mortos se multiplicou. Bonaparte subestimou a quantidade de tropas que seriam necessárias para manter aquele país sob controle. No final, o território espanhol se tornou um beco sem saída, drenando dinheiro, recursos e soldados da Fran?a. O historiador David Gates chamou a Guerra Peninsular de a "úlcera Espanhola".[56] Uma vez afastado em definitivo do trono da Fran?a, Napole?o teria dito: "Aquela malfadada guerra me destruiu… Todas as circunstancias dos meus desastres est?o unidos por aquele fatal nó".[57]

Enquanto isso, os austríacos avan?avam sobre o Ducado de Varsóvia (atual Pol?nia), mas acabaram sendo derrotados na Batalha de Raszyn em 19 de abril de 1809. O exército polonês, aliados dos franceses, tomaram ent?o de volta a Galícia ocidental, após conquistarem mais sucessos.[53]

De volta da campanha na Espanha, Napole?o ent?o tomou controle das tropas no leste e levou seu exército para lan?ar uma contra-ofensiva ao Império Austríaco. Depois de algumas batalhas de intensidade baixa, os austríacos come?am a recuar, abandonando a Baviera. Bonaparte ent?o lan?ou-se sobre a áustria. Tentando atravessar rapidamente o rio Danúbio ele enfrentou os austríacos na Batalha de Aspern-Essling (22 de maio de 1809). Os franceses n?o conquistaram seus objetivos e ambos os lados sofreram pesadas baixas. Mas o comandante austríaco, o arquiduque Carlos, n?o se aproveitou do cenário favorável e permitiu que Napole?o se reagrupasse. Em julho, o exército imperial francês marchou em Viena novamente. Napole?o ent?o infligiu uma grande derrota aos austríacos na Batalha de Wagram, no come?o de julho de 1809. Foi nesta batalha que o marechal francês Carlos Bernadotte foi privado do seu comando quando ele recuou, contrariando as ordens de Napole?o. Um tempo depois, Bernadotte aceitou a oferta de se tornar o príncipe herdeiro da Suécia. Ele mais tarde se tornaria um dos maiores incentivadores dos suecos para se voltar contra os franceses.[47]

A Guerra da Quinta Coaliz?o terminou com a assinatura do Tratado de Sch?nbrunn (14 de outubro de 1809). No leste, apenas rebeldes, liderados por Andreas Hofer, na regi?o alem? de Tirol, continuavam a lutar contra os exércitos franco-bávaros até novembro de 1809. Enquanto isso, a guerrilha na Península Ibérica continuava.[47]

O Império Napole?nico Francês em 1812, atingindo sua extens?o territorial máxima.

Em 1811, o Império Francês de Napole?o chegou ao auge de sua extens?o territorial. No leste, a áustria e a Prússia, cansadas de lutar, tiveram de firmar a paz com Bonaparte novamente. No oeste, britanicos e portugueses permaneciam restritos em uma área ao redor de Lisboa (atrás das inexpugnáveis linhas de Torres Vedras) e resistindo no Cerco de Cádis. Na Espanha, a situa??o ainda n?o se acalmara, com os rebeldes lutando contra as tropas francesas por todo o território.[58]

Para tentar sedimentar a paz, Napole?o desposou Maria Luísa, uma arquiduquesa austríaca e filha do monarca Francisco I. Bonaparte esperava firmar uma boa alian?a com a áustria, ao mesmo tempo que buscava assegurar sua própria posi??o como imperador ao gerar um filho e herdeiro (algo que sua primeira esposa, Josefina, n?o conseguiu). Além do Império Francês, Napole?o controlava a Confedera??o Suí?a, a Confedera??o do Reno, o Ducado de Varsóvia e o Reino da Itália. Outros territórios aliados da Fran?a eram:

Guerras subsidiárias

[editar | editar código fonte]

Os acontecimentos na Europa durante as Guerras Napole?nicas influenciaram conflitos militares e eventos que aconteceram fora do continente, como nas Américas e em outros lugares pelo mundo.

Guerra de 1812

[editar | editar código fonte]

Ao mesmo tempo que acontecia a Guerra da Sexta Coaliz?o, apesar de tecnicamente n?o ser considerada parte das Guerras Napole?nicas, aconteceu também a Guerra de 1812, com os Estados Unidos declarando guerra contra a Gr?-Bretanha. Uma das principais causas do conflito entre essas na??es foi a constante interferência britanica em assuntos navais americanos, com embarca??es dos Estados Unidos sendo atacadas pelos ingleses e seus marinheiros capturados sendo alistados à for?a na Marinha Real Britanica. Os franceses também interferiram (em um ponto os americanos cogitaram declarar guerra à Fran?a por isso). Esta guerra acabou terminando em um impasse militar e n?o houve mudan?as territoriais. A paz entre o Reino Unido e os Estados Unidos foi formalmente acertada no Tratado de Gante de 1815. Naquela altura, Napole?o já estava no seu primeiro exílio em Elba. O efeito maior da Guerra de 1812 no contexto dos conflitos na Europa da época foi que os americanos conseguiram distrair a marinha inglesa o suficiente para dar uma pequena vantagem aos franceses. A compra da Luisiana em 1803, por sua vez, foi pacífica com Napole?o desistindo da ideia de construir um império colonial nas Américas. Ele ent?o tomou a Luisiana dos espanhóis e vendeu a terra para os estadunidenses por 15 milh?es de dólares, incluindo 11 milh?es em ouro.[59]

Revolu??es na América Latina

[editar | editar código fonte]

Com a abdica??o dos reis Carlos IV e Fernando VII e a instala??o de José Bonaparte como novo rei da Espanha por Napole?o, guerras civis e revolu??es nas Américas acabaram por acontecer. Entre 1808 e 1833, as col?nias espanholas no continente latino-americano come?aram, uma após a outra, a se separar do Império Espanhol. Enfraquecida pelas quest?es internas, a Espanha n?o teve como resistir por muito tempo.[60]

A invas?o francesa da Rússia (1812)

[editar | editar código fonte]
A Batalha de Borodino, pintado por Louis Lejeune. A batalha foi uma das maiores e mais sangrentas das Guerras Napole?nicas.

O Tratado de Tilsit de 1807 resultou na Guerra Anglo-Russa (1807–1812). O imperador da Rússia, Alexandre I, declarou guerra ao Reino Unido após um ataque inglês contra a Dinamarca em setembro de 1807. Os ingleses apoiavam a frota sueca durante a Guerra Finlandesa e conseguiram vitórias contra os russos no Golfo da Finlandia em julho de 1808, e novamente em agosto de 1809. Contudo, o sucesso do exército russo em terra for?ou a Suécia a assinar a paz, em 1809, e com a Fran?a, em 1810, se juntando ent?o ao Bloqueio Continental contra a Gr?-Bretanha. Ainda assim, após 1810, as rela??es entre os franceses e os russos come?aram a se deteriorar. Em abril de 1812, o Reino Unido, a Rússia e a Suécia assinaram um pacto secreto contra Napole?o.[61]

Um dos assuntos centrais na tênue paz que se seguiu ao tratado de Tilsit foi a quest?o polonesa. Napole?o e Alexandre I divergiam sobre a forma como o país deveria ser, tornando-se uma na??o semi-independente sob controle de ambos. Como o autor Charles Esdaile notou, "havia a ideia implícita de que uma Pol?nia russa seria, é claro, uma guerra contra Napole?o".[62] O historiador Paul Schroeder diz que a quest?o polonesa foi "a causa maior" da guerra de Napole?o contra a Rússia, mas ele completa afirmando que o fato do governo russo passar a se recusar a se unir ao Bloqueio Continental também foi um fator importante.[63]

Em 1812, no auge do seu poder e influência na Europa, Napole?o invadiu a Rússia com seu Grande Armée (o exército imperial), apoiado por milhares de soldados de Estados satélites e aliados. A sua for?a de invas?o consistia em quase 650 000 homens (incluindo 270 000 franceses e os demais sendo de na??es subservientes ao Império, como alem?es, poloneses e italianos). Os exércitos napole?nicos cruzaram o rio Neman, em 24 de junho de 1812. A Rússia proclamou ent?o a "Grande Guerra Patriótica" para resistir à invas?o estrangeira. Napole?o afirmou que o motivo central da guerra era pela Pol?nia. Assim, os poloneses, em apoio, forneceram 100 000 homens a Bonaparte. Apesar das expectativas polonesas, Napole?o n?o fez concess?es para a Pol?nia, pois ele queria usar aquele território para futuras negocia??es com a Rússia.[64]

O exército francês na Rússia, em 1812.

O Grande Armée de Napole?o foi avan?ando pela Rússia, enfrentando pouca resistência e travando batalhas de pequena intensidade. O primeiro grande confronto, a Batalha de Smolensk, ocorreu entre 16 e 18 de agosto, resultando em uma contestada vitória francesa. Durante esse período, o marechal Nicolas Oudinot foi detido na Batalha de Polotsk por uma tropa russa comandada pelo general Peter Wittgenstein. Isso impediu que os franceses chegassem a S?o Petersburgo. A principal coluna do exército francês, liderada por Napole?o, marchava até Moscou.[65]

Os russos implementaram táticas de terra arrasada, importunando o Grande Armée com a cavalaria leve cossaca. O exército francês n?o conseguiu se adaptar ao novo cenário adverso.[66] Assim, logo nas primeiras semanas, os franceses come?aram a sofrer pesadas baixas.[67]

Ao mesmo tempo, o exército russo recuou por pelo menos três meses. A tática de retirada era liderada pelo marechal Michael Andreas Barclay de Tolly e o príncipe Mikhail Kutuzov, feito comandante-em-chefe pelo czar Alexandre I. A política de evitar combates e destruir o terreno, era interrompida por batalhas pequenas. Porém alguns confrontos de grande intensidade aconteceram, como a Batalha de Borodino, em 7 de setembro de 1812.[68] A luta aconteceu nas cercanias de Moscou e foi uma das mais sangrentas das Guerras Napole?nicas, envolvendo 250 000 homens e resultando em 70 000 baixas. Seu resultado foi, no quadro geral, indecisivo, mas deu uma leve vantagem a Napole?o. Bonaparte terminou controlando a regi?o, mas n?o destruiu o exército russo e nem capturou seus líderes. Longe da Fran?a, Napole?o foi for?ado a esticar suas linhas de suprimento e ele n?o tinha como receber refor?os, fazendo com que cada perda fosse sentida. Já a Rússia, com uma popula??o enorme, podia repor suas baixas rapidamente.[69]

Napole?o entrou em Moscou a 14 de setembro de 1812, após uma nova retirada por parte do exército russo.[70] A popula??o de Moscou já havia, na sua grande maioria, seguido o governo e abandonou a cidade. Ent?o, o governador da cidade, Fyodor Rostopchin, ordenou que Moscou fosse queimada.[71] Alexandre I se recusava a capitular e qualquer proposta de paz feita pelos franceses era recusada. Em outubro, sem possibilidade clara de uma vitória, Napole?o come?ou a desastrosa retirada do seu exército da Rússia.[72]

Napole?o se retirando da Rússia, pintado por Adolph Northen.

Na Batalha de Maloyaroslavets, em outubro de 1812, os franceses tentaram chegar à cidade de Kaluga, onde poderiam encontrar comida e outros suprimentos. Mas o exército russo bloqueou o seu caminho. Napole?o foi for?ado a se retirar pela mesma rota que o levou a Moscou, indo pelas áreas destruídas nas estradas próximas a Smolensk. Nas semanas seguintes, o Grande Armée de Napole?o foi pego no meio do inverno russo, sofrendo com, além do frio, a falta de suprimentos e as constantes a??es de guerrilha das milícias russas.[72]

Quando o que sobrou do exército de Napole?o cruzou o rio Berezina em novembro de 1812, apenas 27 000 retornaram em boa ordem, com outros 380 000 sendo mortos ou dados como desaparecidos, além de outros 100 000 capturados.[73] Bonaparte foi direto para Paris, para preparar sua defesa contra os russos e a campanha se encerrou formalmente em 14 de dezembro, quando os últimos soldados franceses retornaram da Rússia. Os russos também sofreram, perdendo 210 000 homens, mas eles podiam repor essas baixas rapidamente, algo que os franceses n?o conseguiriam.[72]

Guerra da Sexta Coaliz?o (1812–1814)

[editar | editar código fonte]

A Fran?a estava aparentemente exaurida após a fracassada invas?o da Rússia, com Napole?o perdendo mais da metade do seu exército. Vendo nisso uma oportunidade, a Prússia, a Suécia, a áustria e vários Estados alem?es decidiram reiniciar as hostilidades e declaram guerra à Fran?a.[74] O imperador francês afirmou que ergueria um novo exército, t?o grande quanto aquele que havia levado à Rússia. Bonaparte rapidamente recrutou entre 30 000 e 130 000 homens de na??es do leste que ainda eram leais a ele. Conscri??es também come?aram na Fran?a e depois de alguns meses, ele já tinha 400 000 soldados (a maioria com pouca experiência em combate). Os franceses eventualmente fizeram avan?os na Europa oriental, infligindo aos aliados 40 000 baixas nas batalhas de Lützen (2 de maio de 1813) e Bautzen (20–21 de maio de 1813). Estas batalhas envolveram mais de 250 000 soldados, fazendo desta uma das maiores fases das guerras. O ministro de rela??es exteriores da áustria, Klemens von Metternich, prop?s, em novembro de 1813, uma oferta de paz à Fran?a. Seria permitido a Napole?o reter o título de imperador, mas o país teria que restaurar suas "fronteiras naturais", abrindo m?o das suas possess?es na Itália, Alemanha e Holanda. Napole?o ainda tinha esperan?as de vencer a guerra e rejeitou os termos apresentados. Em 1814, contudo, os franceses estavam recuando em todas as frentes. Os aliados da Coaliz?o agora avan?avam rumo ao norte da Fran?a e amea?avam flanquear a cidade de Paris (a capital do império). Napole?o teria ent?o aceitado as propostas de Metternich para paz, mas já era tarde demais e os aliados rejeitaram qualquer acordo para cessar as hostilidades que n?o envolvesse sua abdica??o.[75]

A Batalha de Lípsia envolveu mais de 600 000 soldados de diversas nacionalidades, fazendo desta a maior batalha na Europa até a Primeira Guerra Mundial, no come?o do século XX.

Enquanto isso, na Guerra Peninsular, Arthur Wellesley lan?ou novamente os exércitos anglo-portugueses em ofensivas pela Espanha após o ano novo de 1812, cercando e capturando as cidades fortificadas de Rodrigo e Badajoz. Em julho, uma tropa francesa foi derrotada na importante Batalha de Salamanca. Enquanto os franceses tentavam se reagrupar, os aliados entraram em Madri e depois avan?aram sobre a cidade de Burgos, antes de ter que recuar de volta a Portugal após os franceses amea?arem um grande contra-ataque. Como consequência da campanha em Salamanca, a Fran?a teve que encerrar seu longo cerco a Cádis e recuar das províncias de Andaluzia e Astúrias.[76]

Em um movimento estratégico, Wellesley planejou mover a sua base de suprimentos principal de Lisboa até à cidade de Santander. Tropas anglo-portuguesas, apoiadas por rebeldes espanhóis, avan?aram ent?o pelo norte da Espanha e tomaram o estratégico município de Burgos. Em 21 de junho, na Batalha de Vitória, tropas inglesas, portuguesas e espanholas venceram as for?as de José Bonaparte, encerrando de vez o poder francês na Espanha. Os franceses ent?o recuaram para fora de praticamente toda a Península Ibérica, indo além da regi?o de Pireneus.[77]

Os beligerantes declararam ent?o um armistício a 4 de junho de 1813 (que continuou até 13 de agosto) onde ambos os lados usaram o período para recuperar suas perdas e se reorganizar. Neste meio tempo, a áustria se comprometeu a se unir na sua totalidade à Coaliz?o contra a Fran?a (mesmo com a filha do imperador Francisco I sendo a esposa de Napole?o). Os austríacos mobilizaram dois grandes exércitos, adicionando 300 000 homens às for?as da Coaliz?o na Alemanha. No total, os Aliados mobilizaram 800 000 soldados no teatro de opera??es alem?o.[78]

A Batalha de Hanau (30–31 de outubro de 1813) foi travada entre uma for?a Austro-Bávara e soldados franceses.

Napole?o reuniu as tropas imperiais, recrutando soldados de todas as regi?es subordinadas a ele, chegando a 650 mil homens — porém apenas 250 mil estavam sob seu controle direto, com outros 120 mil liderados por Nicolas Charles Oudinot e 30 mil com Louis Davout. A maioria de suas tropas n?o francesas vinham dos Estados alem?es da Confedera??o do Reno, especialmente da Sax?nia e da Baviera. Além disso, ao sul, na Itália, havia Joaquim Murat no comando dos exércitos de Nápoles e Eugênio de Beauharnais, rei da Itália, que comandavam mais 100 mil homens. Na Espanha havia mais 150 mil a 200 mil tropas francesas fatigadas, que recuavam da luta na Península Ibérica e com 100 mil tropas inglesas, espanholas e portuguesas no seu encal?o. No geral, as for?as aliadas tinham mais que o dobro de tropas do que os franceses. Após os Estados alem?es desertarem Napole?o, a sua desvantagem numérica passou a ser superior a 4 para 1.[79]

Após o fim do curto armistício de junho-agosto de 1813, Napole?o retomou a iniciativa e partiu para a ofensiva, derrotando uma tropa russa, austríaca e prussiana na Batalha de Dresden (Agosto de 1813). A vitória foi importante, com os franceses vencendo uma luta contra um inimigo numericamente superior e sofrendo poucas baixas no processo. Contudo, a segunda parte da ofensiva, que estava nas m?os dos seus marechais, acabou fracassando e assim Bonaparte n?o conseguiu capitalizar em cima desta vitória. Napole?o recuou para além do rio Elba e se posicionou ao redor da cidade de Lípsia, no leste da Alemanha, para proteger sua principal rota de suprimentos. As for?as da Coaliz?o convergiram sobre ele, com as tropas prussianas vindo de Wartenburg, e os russos e austríacos vindo de Dresden (que havia sido reconquistada após a vitória aliada sobre os generais de Napole?o na Batalha de Kulm), além de refor?os vindos do norte constituído majoritariamente por militares suecos. Na subsequente Batalha das Na??es, travada no norte da Sax?nia (entre 16 e 19 de outubro de 1813), 191 000 soldados franceses lutaram contra mais de 430 000 soldados da Coaliz?o. O combate foi violento, com quase 100 000 homens perecendo (somando as baixas de ambos os lados). Os franceses acabaram sendo superados pelo absurdo número de tropas dos aliados e Napole?o foi for?ado a recuar até a fronteira franco-alem?. Uma série de batalhas de média e pequena intensidade foram travadas (incluindo a Batalha de Arcis-sur-Aube, lutada em solo francês), mas a desvantagem numérica era demasiada grande e Napole?o n?o conseguiu montar uma defesa coesa. Após a sua derrota em Lípsia, os Estados alem?es da Confedera??o do Reno (outrora seus aliados) se voltaram contra a Fran?a e passaram a apoiar a Coaliz?o. Seu último aliado significativo era o Reino da Dinamarca e Noruega, mas estes estavam isolados e preferiram fazer a paz com as demais potências europeias, firmando o Tratado de Kiel de janeiro de 1814.[80]

O exército russo entra em Paris, em 1814.

Ao fim de mar?o de 1814, após uma curta batalha, as tropas da Coaliz?o marcharam sobre Paris. Antes disso, Napole?o travou, no nordeste da Fran?a, a chamada Campanha dos Seis Dias, onde tentou desesperadamente deter o avan?o aliado sobre a capital do seu império. Apesar de ter conquistado algumas vitórias estratégicas, ele n?o cumpriu o seu objetivo maior de salvar Paris. Naquele momento, ele tinha pelo menos 70 000 homens, contra mais de 500 000 soldados da Coaliz?o que invadiam a Fran?a pelo leste. Nesse meio tempo, pelo Tratado de Chaumont (9 de mar?o de 1814), as potências europeias da Coaliz?o se comprometeram a continuar lutando até que Napole?o estivesse derrotado totalmente.[81]

Mesmo com a derrota iminente, a queda de Paris e o colapso do seu exército, Napole?o estava determinado a continuar lutando. Ele continuou a convocar o povo francês a lutar e chamou suas tropas e conscritos a se apresentar, mas o retorno foi pouco. Os seus marechais também n?o tinham inten??o de seguir com a guerra, reconhecendo que a situa??o havia chegado a um ponto sem retorno. Finalmente, a 6 de abril de 1814, Napole?o abdicou do trono. Contudo, ainda havia combates de pequena intensidade acontecendo na Itália, Espanha e Holanda durante a primavera daquele ano.[82]

As potências aliadas da Coaliz?o decidiram exilar Napole?o na ilha de Elba, garantindo a ele soberania sobre o lugar mas sob vigilancia marítima da esquadra inglesa (que patrulhava a regi?o) do Mediterraneo. Foi decidido também restaurar os Bourbons no trono francês, colocando no poder Luís XVIII. Tudo foi formalizado pela assinatura do Tratado de Fontainebleau, em 11 de abril de 1814. Representantes das principais potências europeias ent?o se reuniram no Congresso de Viena e come?aram a trabalhar no processo de reconstru??o do mapa político da Europa.[83]

Guerra da Sétima Coaliz?o (1815)

[editar | editar código fonte]
Napole?o retornando a Fran?a, em fevereiro de 1815, sendo aclamado por suas tropas.

Ao fim da Guerra da Sexta Coaliz?o a paz veio à Europa novamente, mas n?o por muito tempo ou da forma desejada. As potências que outrora lutaram juntas contra Napole?o come?aram a bater boca no Congresso de Viena a respeito do novo mapa do continente. Na Fran?a, o novo governo de Luís XVIII se tornava cada vez mais impopular. Percebendo a situa??o agora mais favorável, Napole?o Bonaparte planejou sua fuga da Ilha de Elba, que ficava a apenas dois ou três dias pelo mar da costa francesa. Com pequenos barcos e acompanhado de um pequeno destacamento de membros da sua Guarda Imperial, ele desembarcou em Golfe-Juan, na Costa Azul da Fran?a, em 28 de fevereiro de 1815. Tropas reais francesas foram enviadas para interceptá-lo mas estas mudaram de lado ao vê-lo e marcharam com Bonaparte até Paris.[84]

A notícia que Napole?o regressara ao poder na Fran?a, em fevereiro de 1815, varreu a Europa e logo uma nova Coaliz?o antibonapartista (a sétima) foi formada, composta pelo Reino Unido, a Rússia, a Prússia, a Suécia, a Suí?a, a áustria, a Holanda e vários pequenos Estados alem?es. A restaura??o de Napole?o foi curta (período conhecido como o Governo dos Cem Dias). As potências Europeias rapidamente reuniram um gigantesco exército de mais 700 000 homens inicialmente, com mais refor?os a caminho. O imperador francês conseguiu reunir apenas 280 000 soldados. Ele tentou convocar uma conscri??o em massa, mas n?o foi muito bem-sucedido. Veteranos também foram chamados de volta ao servi?o. Mesmo assim, a desvantagem numérica era demasiada grande. A Coaliz?o pretendia unir suas tropas e marchar juntos com um poder avassalador e superar os franceses com seu grande número.[84]

Wellington em Waterloo, por Robert Alexander Hillingford.
A batalha de Waterloo, em 1815.

Napole?o sabia que suas chances de vitória eram pequenas se enfrentasse de frente os exércitos unidos da Coaliz?o. Ele preferiu pegá-los separadamente e derrotá-los um a um, antes que pudessem combinar suas for?as. Bonaparte tomou 124 000 homens do Exército do Norte e atacou as tropas aliadas estacionadas na Bélgica.[85] Ele pretendia investir sobre as tropas inglesas e separá-las dos prussianos, inutilizando seus exércitos. Seu ataque inicial pegou seus inimigos de surpresa, for?ando o recuo das tropas anglo-holandesas. Os prussianos haviam sido mais cautelosos, concentrando boa parte dos seus exércitos ao redor de Ligny (na província de Namur). Eles ent?o lutaram para tentar deter ou ao menos atrasar o avan?o francês, com o objetivo de dar tempo para as demais tropas aliadas se reagruparem. A 16 de junho de 1815, prussianos e franceses se enfrentaram na Batalha de Ligny, vencida por Napole?o. No mesmo dia, a ala esquerda do exército imperial da Fran?a, comandada pelo marechal Michel Ney, foi bem-sucedido em deter o avan?o do Duque de Wellington, comandante das tropas inglesas, que pretendia se unir ao marechal Blücher e aos prussianos. Os britanicos, apoiados por holandeses e alem?es, acabaram n?o resistindo ao avan?o francês na Batalha de Quatre Bras. Ney n?o conseguiu cortar a retirada de Wellington, mas estes foram for?ados a recuar, junto com os prussianos. Os ingleses montaram uma nova posi??o defensiva, no meio de uma escarpa, em terreno elevado, a alguns quil?metros das vilas de Waterloo, na Bélgica.[28]

Napole?o levou ent?o suas tropas para o cora??o da Bélgica, reunindo seus homens com os de Ney, para perseguir o exército britanico de Wellington. Ao mesmo tempo ele ordenou ao marechal Emmanuel de Grouchy para pegar a ala direita do exército e deter os prussianos enquanto estes estavam se reagrupando. Após uma série de erros de cálculo, tanto Grouchy e Napole?o falharam em perceber que os prussianos já haviam conseguido se reorganizar e já estavam se reagrupando perto do vilarejo de Wavre, mais perto de Wellington do que o antecipado. O sucesso dos exércitos da Prússia em se reagrupar rapidamente foi na falha de Napole?o em n?o conseguir quebrar sua retirada. Grouchy também n?o conseguiu persegui-los adequadamente. Assim, enquanto três corpos do exército prussiano marchavam rumo a Waterloo para apoiar os britanicos e seus aliados, a outra metade da tropa prussiana conseguiu segurar por um tempo as for?as francesas do marechal Grouchy antes de recuar (batalha de Wavre, 18-19 de junho de 1815). No final, os 17 000 prussianos (comandados pelo general Johann von Thielmann) mantiveram ocupados 33 000 franceses por tempo suficiente para que estes n?o chegassem a tempo em Waterloo para ter um papel importante. Napole?o poderia ter sido bem-sucedido se esses homens tivessem chegado antes e refor?ado suas linhas.[28]

Mapa da campanha em Waterloo (1815).

Os franceses evitaram por um tempo avan?ar contra as posi??es britanicas em Waterloo, mas a 18 de junho de 1815 foi iniciada a batalha decisiva da Guerra da Sétima Coaliz?o. As tropas imperiais francesas atacaram logo pela manh?, avan?ando lentamente pelo terreno ruim (havia chovido na regi?o durante toda a noite anterior). Ao fim da tarde, apesar de terem feito alguns progressos, os franceses falharam em expulsar as for?as de Wellington das regi?es elevadas de Waterloo. Quando os refor?os prussianos chegaram e atacaram o flanco direito francês, ficou claro ent?o que a estratégia de Napole?o deu errado. Os franceses tiveram de bater em retirada em desordem. Agora unidas, as tropas da Coaliz?o lan?aram-se sobre a Fran?a. Bonaparte sabia que desta vez, o golpe proferido havia sido fatal.[28]

O marechal Grouchy conseguiu recuar de forma organizada e levou seus soldados até Paris, onde o também marechal Davout tinha reunido 117 000 soldados prontos para enfrentar os 116 000 homens sob comando de Blücher e Wellington. Davout acabou sendo derrotado na Batalha de Issy (na regi?o de Ilha de Fran?a) e decidiu ent?o negociar sua rendi??o com a lideran?a das tropas da Coaliz?o.[84]

Três dias após o fracasso em Waterloo, Napole?o chegou a Paris. Ele ainda tinha esperan?as de conseguir montar uma nova defesa e se segurar no poder. Contudo, a Assembleia Nacional, e até mesmo a popula??o francesa em geral, já n?o lhe favoreciam mais. Sem apoio político, Napole?o foi for?ado a abdicar do trono uma segunda vez em 22 de junho de 1815. A 15 de julho se rendeu aos britanicos em Rochefort. Para evitar de cometer os mesmos erros do ano anterior, os Aliados desta vez exilaram Bonaparte na ilha de Santa Helena, milhares de quil?metros de distancia da Europa. O antigo imperador francês ficaria lá, solitário, até sua morte em 5 de maio de 1821. Na Fran?a, os Bourbon foram novamente restaurados no trono. As potências regionais ent?o come?aram o chamado "Concerto da Europa", para restabelecer o balan?o do poder no continente e garantir a velha ordem.[86]

Enquanto isso, na Itália, foi inicialmente permitido a Joachim Murat, marechal e aliado de Napole?o, que ele mantivesse o título de rei de Nápoles. Percebendo, porém, que sua posi??o era precária ele partiu para lutar por seu trono na chamada Guerra Napolitana (mar?o–maio de 1815). Murat esperava conquistar apoio de nacionalistas italianos que temiam o aumento da influência dos Habsburgos na península itálica. Murat fez ent?o a Proclama??o de Rimini incitando o povo italiano à guerra. Contudo, ele conseguiu pouco apoio popular e seu exército foi esmagado pelos austríacos na Batalha de Tolentino (2–3 de maio de 1815), for?ando Murat a fugir. O ramo italiano da Casa de Bourbon foi recolocado no trono de Nápoles, com a ascens?o de Fernando I em 20 de maio de 1815. Murat ainda fez outra tentativa de recuperar seu poder, mas foi preso e executado em outubro do mesmo ano. Este foi o último grande confronto instigado pelo legado direto de Napole?o na Europa.[87]

Efeitos políticos

[editar | editar código fonte]
Napole?o Bonaparte, imperador dos franceses, em 1806.

As Guerras Napole?nicas trouxeram mudan?as radicais a Europa, mas for?as reacionárias voltaram ao poder no continente e tentaram reverter o legado da Revolu??o Francesa e do reinado de Napole?o. Em poucos anos, o imperador francês conseguiu trazer quase toda a Europa ocidental ao seu controle. Contudo, as guerras constantes de quase duas décadas contra a Fran?a feita pelas maiores potências do continente acabaram por colocar o país no ch?o. Ao fim dos conflitos, a Fran?a já havia perdido boa parte do seu poder e influência na Europa continental. Já o Reino Unido emergiu como a principal e inquestionável maior for?a do continente, com sua marinha de guerra alcan?ando supremacia naval pelo globo até meados do século XX.[88]

Para muitos países europeus, ser subjugado pela Fran?a significou acesso a várias políticas liberais que ganharam notoriedade durante a Revolu??o Francesa, como democracia inclusiva, acesso ao devido processo legal nas cortes, aboli??o da servid?o, redu??o do poder da Igreja Católica e exigência de altera??es das monarquias para uma face mais constitucional e democrática. O clamor da emergente classe média, esta que cresceu através do comércio e da indústria, fez com que fosse difícil as classes dominantes restaurar as monarquias absolutistas. Assim, muitas na??es conquistadas por Napole?o tiveram que manter várias reformas impostas a eles. Legados institucionais persistem até os dias atuais como os sistemas legais de códigos civis, baseados no chamado Código Napole?nico.[89]

Durante o período napole?nico, o sentimento de nacionalismo, um movimento relativamente novo, se tornou mais significativo pelo continente. Isso moldaria o futuro da Europa pelo próximo século. Esse sentimento acabou com alguns países e fez outros surgirem, redesenhando drasticamente o mapa político europeu no século posterior à era napole?nica. Governos de feudos e aristocracias foram substituídos por ideologias nacionais baseadas em culturas em comum e origens. Mais importante, o reino de Bonaparte sobre a Europa plantou as sementes para as funda??es das na??es-estado da Alemanha e Itália, consolidando a identidade nacional dos povos, reinos e principados que formavam esses países, facilitando sua unifica??o. Ao fim das guerras, a Dinamarca teve que ceder à Noruega a Suécia, mas como os noruegueses haviam assinado sua própria constitui??o em 17 de maio de 1814, os suecos tiveram que lutar pelo direito de ter a Noruega. O resultado da uni?o da Suécia com a Noruega deu mais independência aos noruegueses do que quando estavam sob o jugo dinamarquês. A Noruega se tornaria uma na??o completamente independente em 1905.[89] Outro país criado foi o Reino Unido dos Países Baixos, feito com o propósito de ser um Estado tamp?o contra as pretens?es da Fran?a. Esta na??o foi dissolvida em duas quando a Bélgica se tornou independente em 1830.[90]

O mapa da Europa após o Congresso de Viena de 1815.

As guerras napole?nicas também influenciaram acontecimentos na América Latina, nas col?nias da Espanha e Portugal. O conflito enfraqueceu a autoridade e poder militar espanhol, especialmente após a sua marinha ter sido destro?ada na batalha de Trafalgar. Várias revoltas aconteceram na América espanhola como consequência da deteriora??o política na metrópole. Na América portuguesa, o Brasil experimentou pela primeira vez uma maior autonomia política após a transferência das cortes de Lisboa para o território brasileiro, que posteriormente recebeu os status de reino unido. Após a ocupa??o francesa de Portugal, as ramifica??es políticas se espalhariam e levariam a chamada Revolu??o Liberal de 1820. Com o regresso da Corte real para Lisboa, o Brasil n?o aceitou retornar aos status de col?nia, declarando sua independência em 7 de setembro de 1822.[91]

Após as guerras, foi instaurado o Congresso de Viena (1814–1815) para restaurar as velhas fronteiras e restabelecer governos que haviam sido depostos, tentando formar um novo equilíbrio de poder no continente. Este novo balan?o garantiu umas décadas de paz pela Europa entre as na??es (mas n?o internamente, com revolu??es ainda acontecendo). Houve também mais integra??o política e econ?mica, além de novas ondas migratórias.[92][93] A instabilidade política instigou, principalmente, a emigra??o europeia para as Américas, especialmente para os Estados Unidos,[94] que recebeu mais de 30 milh?es de imigrantes europeus entre 1815 e 1914.[95]

Outro conceito que emergiu do Congresso de Viena foi a no??o de uma Europa mais unificada. Após sua derrota, Napole?o se remoeu com o fato de que sua ideia de uma "Associa??o Europeia" pacífica e livre n?o aconteceu. Contudo, as guerras Napole?nicas de fato empurraram esta no??o para a realidade, trazendo uma maior padroniza??o entre os países em rela??o a formas de governo, moedas e sistemas legais. Mais ou menos um século e meio depois, contudo, a ideia de uma maior unifica??o no continente novamente ganhou for?a e em 1957 foi criada a Uni?o Europeia.[96]

Legado militar

[editar | editar código fonte]
Em 1800, Bonaparte levou o exército francês além dos Alpes, eventualmente derrotando os austríacos na Batalha de Marengo.

As Guerras Napole?nicas tiveram um grande impacto militar. Antes de Napole?o, os países europeus tinham exércitos regulares relativamente pequenos, composto de soldados nacionais e mercenários. Os militares regulares eram bem profissionais. Os exércitos dos Antigos Regimes podiam apenas colocar pequenas quantidades de tropas em campo de uma vez, com uma logística limitada. Assim, era difícil reunir exércitos maiores que 30 000 homens sob um único comando em uma batalha.[97]

Contudo, foi na segunda metade do século XVIII que os visionários militares come?aram a reconhecer o potencial de todo um país em guerra: a chamada "na??o em armas".[97]

A escala do tamanho dos conflitos na Europa aumentou consideravelmente no período das guerras revolucionárias francesas e no subsequente conflito na era napole?nica. Antes disso, era incomum ver em batalha mais do que 30 000 soldados em cada lado. A inova??o francesa de dividir o exército em corpos (permitindo a um único oficial comandar mais do que 30 000 homens de uma vez) e também viver da terra (o que permitia aos exércitos convocar mais homens sem ter que igualmente pedir por mais suprimentos através de reservas e cargas) permitiu à república francesa conseguir reunir mais tropas em campo do que seus tradicionais oponentes. Napole?o subsequentemente assegurou que as divis?es no exército fossem separadas de forma mais eficiente do que nos tempos em que a República operava como um único exército, permitindo que ele reunisse um exército maior que os seus oponentes. Isso for?ou seus adversários a reunir tropas cada vez maiores, inovando também, for?ando as tradicionais na??es europeias a iniciar conscri??es em massa, que tiveram enormes consequências políticas.[97]

Napole?o nos campos de Eylau.

Na batalha de Marengo, a luta final que encerrou a Guerra da Segunda Coaliz?o, foi travada com pelo menos 60 000 homens em ambos os lados. Na batalha de Austerlitz, que encerrou a Terceira Coaliz?o, envolveu mais de 160 000 soldados. Na batalha de Friedland, que levou a paz com a Rússia, em 1807, envolveu 150 000 homens. Esses tipos de batalhas, com um número t?o grande de combatentes, eram raras em conflitos anteriores.[97]

Com as derrotas sofridas em terra para Napole?o, as potências europeias tiveram de se renovar e convocaram conscri??es em massa para que eles pudessem superar o exército francês no campo. Já na batalha de Wagram de 1809, cerca de 300 000 soldados se digladiaram. Em Leipzig, pelo menos 500 000 homens lutaram no geral, sendo que 150 000 terminaram mortos ou feridos.[97]

Durante as guerras napole?nicas, pelo menos um milh?o de soldados franceses foram mortos ou feridos (ou sofreram alguma invalidez), uma propor??o maior para o país, se comparado com o tamanho da popula??o, do que durante a Primeira Guerra Mundial. No geral, pelo menos 5 000 000 de soldados europeus foram mortos (incluindo por doen?as).[98][99]

A Fran?a tinha a segunda maior popula??o da Europa (atrás da Rússia) no fim do século XVIII com seus 27 milh?es de habitantes (comparado com 12 milh?es do Reino Unido e 30 a 40 milh?es do Império Russo). Os estrategistas militares franceses ent?o se aproveitaram do levée en masse (as conscri??es em massa). Antes dos esfor?os de Napole?o, Lazare Carnot foi um dos líderes na reorganiza??o dos exércitos franceses de 1793 a 1794. Neste período, a situa??o da Fran?a nas guerras revolucionárias havia melhorado, com os exércitos republicanos avan?ando em todas as frentes.[100]

Napole?o se retirando da Rússia, em 1812. Seu Grande Armée sofreu pesadas perdas na campanha e nunca se recuperaria.

O tamanho crescente dos exércitos europeus sinalizava uma mudan?a nítida na história militar do continente. Durante os conflitos nos séculos anteriores, como a Guerra dos Sete Anos (1756–1763), poucos países tinham exércitos superiores a 200 000 no total, com as na??es n?o conseguindo reunir mais do que 30 000 soldados no campo. Em contraste, o exército francês recrutou, durante a década de 1790, cerca de 1,5 milh?o de homens, apesar de n?o conseguir manter todos ao mesmo tempo no servi?o ativo. Problemas com suprimentos e doen?as impediam que exércitos grandes fossem postos em campo. Na verdade, a Fran?a n?o tinha condi??es financeiras de recrutar grandes quantidades de tropas.[97]

Nas guerras napole?nicas, cerca de 2,8 milh?es de franceses lutaram no solo e outros 150 000 no mar. Assim, no geral, 3 milh?es de cidad?os franceses serviram nas for?as armadas nos vinte e três anos de guerra desde a funda??o da República (em 1792) até a queda do Império (em 1815).[101]

Frota francesa e inglesa se combatendo na decisiva Batalha de Trafalgar. A Inglaterra se saiu vitoriosa deste confronto.

O Reino Unido tinha 750 000 homens em armas entre 1792 e 1815, uma grande expans?o considerando que eles tinham apenas 40 000 soldados regulares em 1793. O auge chegou em 1813, quando 250 000 soldados estavam no servi?o ativo.[102] No decorrer desta guerra, pelo menos 250 000 marinheiros serviram na Royal Navy (a marinha de guerra britanica). Em setembro de 1812, a Rússia tinha mais de 900 000 homens em sua infantaria. Entre 1799 e 1815, cerca de 2,1 milh?es de homens serviram no exército. Outros 200 000 estavam na marinha. Na época, havia uma discrepancia entre o tamanho dos exércitos no papel e a for?a que os países realmente podiam colocar em campo. Os russos, por exemplo, tinham uma tropa de 900 000 homens, mas dificilmente poderiam recrutar mais do que 250 000 para campanhas.[103]

N?o há números consistentes para o tamanho dos exércitos dos outros beligerantes. No auge do conflito (na Sexta Coaliz?o), os austríacos tinham pelo menos 576 000 nas for?as armadas e praticamente nenhuma marinha. Porém, n?o conseguiam reunir mais do que 250 000 em campo. Depois da Gr?-Bretanha, a áustria foi o inimigo mais persistente da Fran?a no decorrer da guerra, com mais de um milh?o de soldados servindo no exército durante o desenrolar do conflito. Seu maior exército operacional foi uma for?a homogênea e sólida reunida em 1813 quando conseguiram colocar 140 000 homens em campo durante campanhas na Alemanha e 90 000 na Itália e nos Bálc?s. Contudo, a áustria come?ou a sofrer enormemente devido à falta de pessoal. Assim, seus generais e oficiais come?aram a adotar táticas mais conservadoras e n?o tomar tantos riscos, em uma tentativa de limitar suas perdas.[103]

Militares (de origem escocesa) do exército britanico lutando contra Napole?o, em 1815.

A Prússia tinha um dos melhores exércitos da Europa. Contudo, eles n?o conseguiam mobilizar mais que 320 000 soldados em um determinado tempo. Entre 1813 e 1815, enquanto o grosso do seu exército (cerca de 100 000 homens) era de fato conhecido por sua determina??o e competência, o resto n?o era uma for?a estável, composto por milicianos e voluntários de talentos variados. Ainda assim, a maioria destas tropas se saíam bem e mostravam bravura diante de situa??es adversas, mesmo que às vezes faltasse profissionalismo e bons equipamentos, se comparado aos soldados regulares. Durante as campanhas feitas em 1813, 130 000 homens estavam envolvidos nas opera??es militares, sendo 100 000 atuando na Alemanha e os outros 30 000 sendo usados para cercar as guarni??es francesas perto das fronteiras.[104]

Já a Espanha n?o conseguia recrutar mais do que 200 000 soldados no exército, além de 50 000 homens que lutavam nas guerrilhas. Além disso, o Império Otomano (que se envolveu muito pouco neste conflito), a Itália, o Reino de Nápoles e o Ducado de Varsóvia n?o conseguiam reunir e organizar mais do que 100 000 homens em armas. Ainda assim, países pequenos pela Europa também podiam recrutar bons exércitos, mas apenas no papel pois na realidade havia falta de recursos e essas tropas eram, na maioria dos casos, de qualidade duvidosa. O tamanho e a qualidade das tropas das na??es co-beligerantes, ainda que n?o muito significativo, era bem-vindo por parte das potências continentais da Coaliz?o.[97]

Durante a invas?o da Rússia de 1812, o percentual de tropas de origem francesa que serviam no Grande Armée de Napole?o era de aproximadamente 50% dos 685 000 soldados recrutados. Os outros aliados do Império Francês forneceram os demais homens, como as na??es da Confedera??o do Reno, a Pol?nia, os países que formavam a península itálica e a Espanha. Quando, entre 1813 e 1814, várias dessas na??es mudaram de lado e passaram a apoiar a Coaliz?o, eles providenciaram uma boa ajuda à Coaliz?o, enquanto privavam Napole?o de suas muito necessárias buchas de canh?o.[97]

Os estágios iniciais da Revolu??o Industrial foram muito ligados às crescentes necessidades militares para produzir armamentos e outros suprimentos para tropas cada vez mais crescentes em números. O Reino Unido se tornou o maior produtor de armas do continente. Esta produ??o de arsenal foi usada para suprir as for?as da Coaliz?o no decorrer dos conflitos. A Fran?a era a segunda maior produtora de armamentos, equipando suas tropas e das na??es da Confedera??o do Reno e seus aliados.[105]

Todos os participantes das Guerras Napole?nicas. Azul: A Coaliz?o, suas col?nias e aliados. Verde: O Primeiro Império Francês, seus protetorados e col?nias, aliados e co-beligerantes.

O próprio Napole?o mostrou tendências inovadoras para o uso da mobilidade de suas for?as para enfrentar problemas como, principalmente, desvantagens numéricas nos campos de batalha, como ele mostrou nas suas campanhas contra tropas austro-russas em 1805, especialmente na Batalha de Austerlitz. O exército francês reorganizou o papel da artilharia, formando grupos móveis e independentes, ao invés das arcaicas forma??es militares.[106]

Outras áreas que afetaram a arte da guerra foram melhorias na comunica??o entre os comandantes e suas tropas. Uso de aeronaves de vigilancia quando os franceses usaram bal?es de ar para espiar em posi??es de tropas da Coaliz?o e guiar a artilharia, sendo usado pela primeira vez na batalha de Fleurus, de junho de 1794.[107]

Historiadores discutem como as Guerras Napole?nicas se tornaram guerras totais. A maioria dos acadêmicos apontam que o aumento de tamanho e intensidade do conflito vem de duas fontes. A primeira era o choque ideológico entre os ideias revolucionários/igualitários e o sistema conservador/hierárquico. A segunda é o aumento do nacionalismo na Fran?a, Alemanha, Espanha e em outros países que fez deste conflito a "guerra do povo" ao invés de confrontos entre monarcas.[108] O historiador David Bell argumenta que mais importante que ideologia ou nacionalismo, foi a transforma??o intelectual na cultura da guerra, que veio do Iluminismo.[109] Um fator, ele diz, é que a guerra já n?o era mais um evento rotineiro, mas sim uma experiência transformadora para a sociedade. Em segundo lugar, os militares emergiram em seu próprio direito como uma esfera separada da sociedade, se distanciando do ordinário mundo civil. A Revolu??o Francesa fez de cada cidad?o parte da máquina de guerra nacional, desde um soldado conscrito, até uma pe?a vital do maquinário apoiando a luta de casa, dando suprimentos ao exército (trabalhando nas indústrias e fazendas). Assim, segundo Bell, surgiu a ideia de "militarismo", a cren?a de que os membros das for?as armadas têm um papel moralmente superior ao de um civil em tempos de crise. O exército se tornou a essência da alma da na??o.[110] Como o próprio Napole?o uma vez proclamou, "é o soldado que fundou a República e é o soldado que a mantém".[111]

Referências

  1. Andrew Roberts, "Why Napoleon merits the title 'the Great,'" BBC History Magazine (1 de novembro de 2014)
  2. Ferguson, Niall (2004). Empire, The rise and demise of the British world order and the lessons for global power. [S.l.]: Basic Books. ISBN 0-465-02328-2 
  3. a b Hannay, David (1911). "French Revolutionary Wars". In Chisholm, Hugh. Encyclop?dia Britannica (11th ed.). Cambridge University Press.
  4. a b Bruun, Geoffrey (1965), ?The Balance of Power During the Wars 1793-1814?, in: Crawley, C. W., War and Peace in an Age of Upheaval, 1793-1830, ISBN 9780521045476, The New Cambridge Modern History. Volume IX (em inglês), Cambridge University Press, consultado em 21 de dezembro de 2013 
  5. Frank McLynn, Napoleon (1998). p 215.
  6. Spencer C. Tucker (2012). The Encyclopedia of the War Of 1812. [S.l.]: ABC-CLIO. p. 499 
  7. Arthur H. Buffinton, The Second Hundred Years' War, 1689–1815 (1929). See also: Francois Crouzet, "The Second Hundred Years War: Some Reflections". French History 10 (1996), pp. 432–450. & H. M. Scott, "Review: The Second 'Hundred Years War' 1689–1815". The Historical Journal 35 (1992), pp. 443–469.
  8. France - Les guerres de la Révolution et de l'Empire. Herodote.net. Retrieved on 2025-08-14.
  9. Chandler, David (1966). The Campaigns of Napoleon. The Mind and Method of History's Greatest Soldier. Nova Iorque: Macmillan 
  10. Sutherland, Donald M. G. (2008). The French Revolution and Empire: The Quest for a Civic Order. [S.l.]: Wiley. p. 356 
  11. McConachy, Bruce (2001). ?The Roots of Artillery Doctrine: Napoleonic Artillery Tactics Reconsidered?. Journal of Military History. 65 (3): 617–640. JSTOR 2677528 
  12. a b c d e f "Annual Register... for the Year 1803". Página acessada em 26 de agosto de 2015.
  13. Mahan, A.T. The influence of sea power on the French Revolution and Empire Vol. II (1892) pp. 106-107
  14. Abbott, John (2005). Life of Napoleon Bonaparte. [S.l.]: Kessinger Publishing. ISBN 1-4179-7063-4 
  15. Frederick Kagan, The End of the Old Order: Napoleon and Europe, 1801-1805 (2007) pp 42-43
  16. Roberts, Napoleon: A Life (2014) p 309
  17. John D. Grainger, Amiens Truce: Britain & Bonaparte, 1801-1803 (2004)
  18. Arthur Bryant, Years of victory: 1802-1812 (1944)
  19. Kagan, The End of the Old Order: Napoleon and Europe, 1801-1805 (2007) pp 1-50 stresses Napoleon's initiatives.
  20. Paul Schroeder, The Transformation of European politics 1763-1848 (1994) pp 231-45
  21. Jean Tulard, Napoleon: The Myth of the Saviour (1984) p 351.
  22. Colin S. Gray (2007). War, Peace and International Relations: An Introduction to Strategic History. [S.l.]: Routledge. p. 47 
  23. Robin Neillands (2003). Wellington & Napoleon: Clash of Arms. [S.l.]: Pen and Sword. p. 22 
  24. Alistair Horne in Robert Cowley, ed. (2000). What If?: The World's Foremost Historians Imagine What Might Have Been. [S.l.]: Penguin. p. 161 
  25. Steve Chan (2013). Looking for Balance: China, the United States, and Power Balancing in East Asia. [S.l.]: Stanford UP. p. 55 
  26. Martin Malia (2008). History's Locomotives: Revolutions and the Making of the Modern World. [S.l.]: Yale UP. p. 205 
  27. Annual Register... for the Year 1806 (1808) pp. 172-186
  28. a b c d Barbero, Alessandro (2006). The Battle: a new history of Waterloo. [S.l.]: Walker & Company. ISBN 0-8027-1453-6 
  29. ?WW1: Was it really the first world war??. BBC. Consultado em 31 de agosto de 2015 
  30. Schroeder, The Transformation of European Politics 1763–1848 (1994) pp 307–10
  31. a b Paul Kennedy, The Rise and Fall of the Great Powers – economic change and military conflict from 1500 to 2000 (1989), pp. 128–9
  32. Paul W. Schroeder, The Transformation of European Politics 1763–1848 (1994) pp 305-10
  33. John M. Sherwig, Guineas and Gunpowder British Foreign Aid in the War with France, 1793–1815 (1969)
  34. Alan Palmer, Alexander I (1974) p 86
  35. Asa Briggs, The Making of Modern England 1783–1867: The Age of Improvement (1959) p 143
  36. élie Halévy, A History of the English People in 1815 (1924) vol 2 p 205–28
  37. Roger Knight, Britain Against Napoleon: The Organisation of Victory, 1793–1815 (2013)
  38. J. Steven Watson, The Reign of George III 1760–1815 (1960), 374-77, 406-7, 463-71,
  39. ?Auguste Mayer's picture as described by the official website of the Musée national de la Marine (em francês)?. Musee-marine.fr. Consultado em 25 de agosto de 2015. Arquivado do original em 26 de maio de 2010 
  40. Paul W. Schroeder, The Transformation of European Politics 1763–1848 (1994) pp 231–86
  41. Frederick Kagan (2007). The End of the Old Order: Napoleon and Europe, 1801–1805. [S.l.]: Da Capo Press. pp. 141ff 
  42. ?Invasion of Britain – National Maritime Museum?. Nmm.ac.uk. Consultado em 28 de agosto de 2015 
  43. ?O'Meara's account of Napoleon on the invasion of the England?. Napoleon.org. Consultado em 28 de agosto de 2015 
  44. Clayton, Tim; Craig, Phil. Trafalgar: The Men, the Battle, the Storm. [S.l.]: Hodder & Stoughton. ISBN 0-340-83028-X 
  45. a b c Fisher, Todd; Fremont-Barnes, Gregory (2004). The Napoleonic Wars: The Rise and Fall of an Empire. Oxford: Osprey Publishing Ltd. ISBN 1-84176-831-6 
  46. Esdaille, Napoleon's Wars, pp 252-53
  47. a b c d e f g h i j k Chandler, David G. (1995). The Campaigns of Napoleon. Nova Iorque: Simon & Schuster. ISBN 0-02-523660-1 
  48. A. N. Ryan, "The Causes of the British Attack upon Copenhagen in 1807." English Historical Review (1953): 37-55. in JSTOR
  49. Thomas Munch-Petersen, Defying Napoleon: How Britain Bombarded Copenhagen and Seized the Danish Fleet in 1807 (2007)
  50. Otto Pivka (2012). Napoleon's Polish Troops. [S.l.]: Osprey Publishing. pp. 8–10 
  51. J. P. Riley, Napoleon and the World War of 1813: Lessons in Coalition Warfighting (2000) pp 27–8.
  52. Alexander Grab, Napoleon and the Transformation of Europe (2003) pp 176–87
  53. a b Brooks, Richard, ed. (2000). Atlas of World Military History. Londres: HarperCollins. ISBN 0-7607-2025-8 
  54. J. M. Thompson, Napoleon Bonaparte: His rise and fall (1951) pp 235-40
  55. Gregory Fremont-Barnes, The Napoleonic Wars (3): The Peninsular War 1807-1814 (2014)
  56. David Gates, The Spanish Ulcer: A History of the Peninsular War (1986)
  57. John Lawrence Tone, "Partisan Warfare in Spain and Total War," in Roger Chickering and Stig F?rster, eds. (2010). War in an Age of Revolution, 1775–1815. [S.l.]: Cambridge UP. p. 243 
  58. Haythornthwaite, Philip J (1990). The Napoleonic Source Book. Londres: Guild Publishing. ISBN 978-1854092878 
  59. Jeremy Black, The War of 1812 in the Age of Napoleon (2009)
  60. Anna, Timothy. Spain & the Loss of Empire. Lincoln, University of Nebraska Press, 1983. ISBN 978-0-8032-1014-1
  61. Alan Palmer, Alexander I: Tsar of War and Peace (1974)
  62. Charles Esdaile, Napoleon's Wars: An International History, 1803–1815 (2007) p 438
  63. Schroeder, The Transformation of European Politics: 1763 – 1848 (1994) p 419
  64. Richard K. Riehn, 1812: Napoleon's Russian campaign (1990)
  65. Lieven, Dominic (2009), Russia Against Napoleon: The Battle for Europe, 1807 to 1814, Allen Lane/The Penguin Press.
  66. Riehn, 1812, pp. 138–140
  67. Reihn, 1812, p.185
  68. Philip Haythornthwaite, Borodino 1812; Napoleon's great gamble (2012).
  69. Haythornthwaite, Philip (2012). Borodino 1812; Napoleon's great gamble. [S.l.]: Osprey Publishing; Campaign Series #246. ISBN 978-1-84908-696-7 
  70. Reihn, 1812, pp. 253–254
  71. With Napoleon in Russia, The Memoirs of General Coulaincourt, Chapter VI 'The Fire' pp. 109–107 Pub. William Morrow and Co 1945
  72. a b c Riehn, Richard K. (1991), 1812: Napoleon's Russian Campaign (Paperback ed.), Nova Iorque: Wiley, ISBN 978-0471543022
  73. The Wordsworth Pocket Encyclopedia, pág. 17, Hertfordshire 1993
  74. Philip Dwyer, Citizen Emperor: Napoleon in Power (2013), pp 431-74
  75. J. P. Riley (2013). Napoleon and the World War of 1813: Lessons in Coalition Warfighting. [S.l.]: Routledge. p. 206 
  76. Rathbone, Julian (1984). Wellington's War. Michael Joseph. ISBN 0-7181-2396-4.
  77. Michael Glover, Wellington's Peninsular Victories: Busaco, Salamanca, Vitoria, Nivelle (1963).
  78. Merriman, John (1996), A History Of Modern Europe, W.W. Norton Company.
  79. Ellis, Geoffrey (2014), Napoleon: Profiles In Power, Routledge, ISBN 9781317874706
  80. Peter Hofschroer, Leipzig 1813: The Battle of the Nations (1993)
  81. Delderfield, Ronald Frederick (1984), Imperial sunset: The fall of Napoleon, 1813-14.
  82. Philip Dwyer, Citizen Emperor: Napoleon In Power (2013) pp 464-98
  83. Alphonse de Lamartine (translated by Michael Rafter). The History of the Restoration of Monarchy in France. H. G. Bohn, 1854 (New York Public Library).
  84. a b c Chandler, David (1981) [1980]. Waterloo: The Hundred Days. [S.l.]: Osprey Publishing 
  85. Peter Hofschroer, The Waterloo Campaign: Wellington, His German Allies and the Battles of Ligny and Quatre Bras (2006)
  86. Ramm, Agatha (1984). Europe in the Nineteenth Century. Londres.
  87. Gifford, H. (1817). History of the Wars Occasioned by the French Revolution: From the Commencement of Hostilities in 1792, to the End of ... 1816; Embracing a Complete History of the Revolution, with Biographical Sketches of Most of the Public Characters of Europe. 2. [S.l.]: W. Lewis. p. 1511 
  88. Jacques Godechot, et al. The Napoleonic era in Europe (1971)
  89. a b Rothenberg, E. Gunther. The Art of Warfare in the Age of Napoleon (1977)
  90. Yves Gingras,Lyse Roy, "Les Transformations des Universités du Xiiie Au Xxie Siècle", 2006, p.69
  91. Benjamin Keen and Keith Haynes, A History of Latin America (2012)
  92. Drew Keeling, “The Transportation Revolution and Transatlantic Migration," Research in Economic History 19 (1999), p. 39.
  93. Franklin D. Scott, The Peopling of America: Perspectives of Immigration (1984), p. 24. Marcus Hansen, The Atlantic Migration (1940), pp. 79-106.
  94. Drew Keeling, “Transport Capacity Management and Transatlantic Migration, 1900-1914.” Research in Economic History 25 (2008), pp. 267-68.
  95. Maldwyn Jones, American Immigration (1992, 2nd ed.)? p. 79.
  96. Esdaile, Charles. "The Napoleonic Period: Some Thoughts on Recent Historiography," European History Quarterly, (1993).
  97. a b c d e f g h ?Napoleon's Total War?. HistoryNet.com. Consultado em 30 de agosto de 2015. Arquivado do original em 1 de abril de 2008 
  98. David A.Bell, The First Total War: Napoleon's Europe and the Birth of Warfare as We Know It (2007) p 7
  99. Paul Kennedy, The Rise and Fall of the Great Powers Economic Change and Military Conflict from 1500 to 2000 (1987) pp 99–100
  100. Colin McEvedy and Richard M. Jones, Atlas of World Population History (1978) pp 41–222
  101. John France (2011). Perilous Glory: The Rise of Western Military Power. [S.l.]: Yale UP. p. 351 
  102. Chandler & Beckett, p. 132
  103. a b Chappell, p. 8
  104. Blücher, scourge of Napoleon, Leggiere.
  105. Christopher David Hall (1992). British Strategy in the Napoleonic War, 1803–15. [S.l.]: Manchester U.P. p. 28 
  106. Geoffrey Wawro (2002). Warfare and Society in Europe, 1792–1914. [S.l.]: Routledge. p. 9 
  107. R. R. Palmer (1941). Twelve Who Ruled: The Year of the Terror in the French Revolution. [S.l.]: Princeton UP. pp. 81–83 
  108. Donald Stoker; et al. (2008). Conscription in the Napoleonic Era: A Revolution in Military Affairs?. [S.l.]: Routledge. pp. 24, 31–32, 38 
  109. Bell, The First Total War (2008) pp 7–13
  110. Frederick C. Schneid (2012). Napoleonic Wars. [S.l.]: Potomac Books. p. 1802 
  111. Robert Harvey (2013). The War of Wars. [S.l.]: Constable & Robinson. p. 328 
O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre Guerras Napole?nicas
放疗有什么危害 女人做爱什么感觉 黄芪的功效是什么 河南什么烟出名 反复呕吐是什么病症
天时地利人和什么意思 88年的龙是什么命 孕激素六项检查什么时候做 观字五行属什么 肝病挂什么科
玄关画挂什么图最好 比熊吃什么牌子狗粮好 草木灰是什么 年上是什么意思 多多关照是什么意思
腋下异味挂什么科 脊椎炎有什么症状 双侧腋窝淋巴结可见什么意思 12月15是什么星座 胃有火吃什么药
苏醒是什么意思zhongyiyatai.com 喝什么可以减肥瘦肚子hcv9jop5ns0r.cn 装什么病能容易开病假ff14chat.com 所剩无几是什么意思hcv8jop9ns5r.cn 光明会到底是干什么的hcv9jop8ns0r.cn
常吃洋葱有什么好处hcv9jop2ns9r.cn 没有什么了不起hcv8jop2ns3r.cn 月经期间适合吃什么食物hcv9jop3ns1r.cn 团宠是什么意思hcv7jop7ns4r.cn 皮肤白斑是什么原因xinjiangjialails.com
小排畸主要查什么hcv7jop4ns5r.cn 产瘤是什么意思hcv9jop5ns9r.cn cta是什么hcv7jop9ns3r.cn 赘婿是什么意思hcv7jop9ns3r.cn 中国第一大姓是什么gysmod.com
淋巴结肿大有什么症状hcv8jop1ns8r.cn 六月初三是什么星座hcv8jop8ns5r.cn 为什么穿堂风最伤人zsyouku.com 肚子一按就痛什么原因hcv8jop9ns8r.cn 上镜是什么意思zhongyiyatai.com
百度